Londres – Os riscos para jornalistas cobrindo conflitos como o da Faixa de Gaza foram documentados ao vivo em pelo menos duas situações após o ataque do grupo extremista Hamas a Israel, no sábado (7).

Rushdi Abu Alouf, repórter da rede britânica BBC em Gaza, e Youmna ElSayed, da emissora árabe Al-Jazeera, tiveram que interromper as transmissões quando bombas explodiram nas proximidades de onde falavam com âncoras nos estúdios. 

Embora ambos estivessem usando capacetes e coletes à prova de balas, o que passou a ser uma exigência para profissionais que vão para zonas de conflito, nem sempre esses equipamentos de proteção se demonstram capazes de evitar mortes em zonas de guerra, como foi o caso do chefe de imagens da agência AFP na Ucrânia, Arman Soldin, morto em um bombardeio em maio, e de Shireen Abu Akleh, da Al-Jazeera.

Jornalistas sob risco em Gaza 

Palestino-americana, a jornalista da Al-Jazeera era uma das mais conhecidas personalidades da mídia do Oriente Médio. Foi morta por soldados israelenses em maio de 2022, quando cobria uma operação militar na Faixa de Gaza, gerando condenação internacional. O crime segue impune. 

Desta vez, a transmissão ao vivo mostrou o pânico de outra repórter da mesma emissora, Youmna ElSayed, no momento em que uma explosão destruiu um edifício em Gaza quando ela falava com o estúdio. O prédio acabou desabando mais tarde.

Depois de gritar assustada, a jornalista saiu de cena, mas seu choro podia ser ouvido ao fundo, enquanto o âncora recomendava que a equipe ficasse calma e buscasse proteção. 

Equipes de jornalismo da BBC na cobertura do conflito

O outro susto foi do experiente palestino Rushdi Abu Alouf, jornalista sênior da BBC que trabalha há 20 anos para a emissora britânica na região. 

Ele se abaixa na hora do estampido e confirma à apresentadora Maryam Moshiri que a explosão parecia “muito perto”.

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Novo conflito em Gaza já fez vítimas na imprensa

Em um tweet postado no domingo (8), a organização Repórteres Sem Fronteiras se disse preocupada com o desaparecimento dos fotojornalistas Nidal Al Whaidi (News Press/Al Najah) e Haytham Abdel Wahed (Ain Media), em Beit Hanoun. 

Em outro tweet, a RSF informou que os fotojornalistas palestinos Ibrahim Lafi (Ain Media) e Mohammad El-Salhi (Ain Rabi’a) tinham sido mortos ontem enquanto cobriam o conflito perto de Gaza.

O Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) também confirmou a morte de Mohammad El-Salhi e disse estar investigando relatos de que pelo menos dois outros jornalistas teriam sido mortos no sábado.