Londres – A banda punk feminista Pussy Riot, que faz forte oposição ao regime de Vladimir Putin, lançou um novo vídeo com uma canção baseada no tema do balé Lago dos Cisnes em protesto contra o uso de propaganda política para doutrinar alunos de escolas e sequestro de crianças ucranianas pela  Rússia

As integrantes do grupo já foram detidas várias vezes e tiveram que sair da Rússia. Algumas fazem parte da lista de procurados do país. Uma delas, Masha Alyokkhina, fugiu no ano passado disfarçada de entregadora de alimentos.

Estrelado por Alyokkhina, Olga Borisova, Diana Burkot e Lyusya Stein, o vídeo é ilustrado com obras da artista russa Alisa Gorshenina e foi inspirado em um menino que pediu em uma redação escolar para que os soldados russos ‘não matassem pessoas em outros países”. 

Em um comunicado divulgado no lançamento, Anna Aristakhova, diretora do clipe, explica que a produção é uma reflexão sobre a guerra e suas marcas na mente das crianças, usando referências de contos eslavos sombrios. 

“A ideia é olhar através dos olhos de uma criança o mundo em que vivemos. As imagens dos espíritos ajudam o menino a encontrar respostas dentro de si.”

A trilha sonora combina a conhecida melodia do balé Lago dos Cisnes, de Pyotr Tchaikovsky, com elementos de música eletrônica e expressões usadas ​​na propaganda estatal russa, como chamar explosões de “bangs” ou acusar a Ucrânia de bombardear suas próprias cidades. 

A escolha do Lago dos Cisnes está associada aos tempos da União Soviética, quando o balé era exibido na TV enquanto o governo decidia como anunciar mortes de líderes e o golpe contra Mikhail Gorbachev.

Protesto contra sequestro de crianças e ‘propaganda fascista’ da Rússia 

Em uma nota, as artistas condenam as aulas obrigatórias de patriotismo introduzidas nas escolas russas, como a que serviu de referência para a canção. 

“No início da guerra, os professores forçaram os alunos a formar o Z para mostrar apoio à guerra. Por toda a Rússia, as crianças são forçadas a escrever “boas cartas” aos soldados.

Em Yekaterinburg, Timofey, um aluno do quinto ano, escreveu numa carta desejando que os militares ‘voltassem para casa, não matassem pessoas em solo estrangeiro e não causassem danos’. 

O professor condenou a criança e seus colegas começaram a zombar dele por “patriotismo insuficiente”. “Soldado, não mate pessoas”, escreveu o menino, e isso nos inspirou a escrever uma música.”

As cantoras chamaram a atenção para as mortes de crianças – seriam mais de 500 – e os sequestros praticados pelo exército da Rússia. 

“As crianças são mantidas em “sanatórios” onde são ensinadas a amar a Rússia , e se dizem que sentem falta da Ucrânia ou falam ucraniano, são espancadas .

As crianças raptadas são frequentemente reconhecidas como órfãs e entregues para adoção, embora a maioria tenha pais na Ucrânia que estão tentando localizá-las. As crianças são as mais vulneráveis ​​nesta guerra.”

As integrantes do Pussy Riot exigem do governo russo que “pare de envenenar crianças com propaganda fascista” e “devolva imediatamente todas as crianças ucranianas raptadas”.

Elas cobram também da comunidade internacional “sanções contra propagandistas russos e supostos artistas que glorificam o fascismo e atuam com crianças ucranianas raptadas”.

A banda Pussy Riot está iniciando uma turnê pelos EUA com um espetáculo que combina música, performance teatral e vídeo.