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Twitter/X é a pior rede social em combate à desinformação climática, aponta relatório

Capa do relatório que apontou desinformação climática nas redes sociais, com o Twitter eleito o pior da lista

Um novo relatório publicado nesta semana em Nova York colocou o Twitter, recentemente rebatizado para X, como a com rede social com as piores práticas para combater a proliferação de desinformação climática entre as cinco pesquisadas: Meta (Facebook e Instagram), Pinterest, YouTube, TikTok e Twitter/X. 

Intitulado Climate of Misinformation (Clima da Desinformação, em tradução livre), o documento classificou a plataforma de Elon Musk como a pior dentre cinco gigantes do setor — apontadas como “cúmplices” na disseminação de negação da crise climática.  

De autoria da Climate Action Against Disinformation (CAAD, ou Ação Climática Contra a Desinformação), a iniciativa visa medir os resultados das promessas das big techs para enfrentar o problema nos anos recentes e apontar os buracos neste combate.

Twitter/X teve menor pontuação contra desinformação climática

O documento foi apresentado durante a Semana do Clima de Nova York.  As conclusões revelam uma “dura realidade”, segundo a CCAD: 

  • O Pinterest foi a plataforma de melhor desempenho, obtendo a maior pontuação por suas políticas para mitigar a disseminação da desinformação climática. No entanto, ainda há espaço para melhorias.
  • O YouTube, a Meta (anteriormente Facebook) e o TikTok assumiram compromissos para lidar com a desinformação climática, mas falta a aplicação dessas políticas.
  • O Twitter/X tem o pior desempenho, recebendo apenas um ponto entre os 21 quesitos avaliados. Faltam políticas claras que abordem a desinformação climática, não oferece mecanismos substantivos de transparência pública e não fornece evidências de aplicação efetiva de políticas.
  • Nenhuma plataforma fornece relatórios algorítmicos, e quatro em cada cinco delas não relatam tendências de desinformação.
  • Não há dados disponíveis que sugiram que as plataformas estejam efetivamente aplicando as políticas de desinformação climática existentes.
  • A maioria das plataformas não tem políticas para lidar com a lavagem verde, uma prática que retrata falsamente uma empresa ou produto como ambientalmente amigável.

As redes foram avaliadas em 21 pontos incluindo transparência, monetização, privacidade, política de conteúdo e cumprimento de regras.

O único ponto do Twitter foi no item “política de privacidade de fácil acesso e leitura para os usuários diários”. 

Relatório lista Pinterest em primeiro, e Twitter em último no combate a desinformação climática
Nenhuma das redes sociais fez pontuações muito altos nos critérios do relatório (Reprodução)

O Pinterest ficou em primeiro lugar, com 12 pontos, seguido por TikTok (9 pontos), as plataformas da Meta (8 pontos) e YouTube (6 pontos).

Em suas conclusões, o CAAD criticou fortemente o Twitter/X pela pior performance da avaliação: 

“Faltam [ao Twitter/X] políticas claras que contemplam desinformação climática, não há nenhum mecanismo substancial de transparência pública, e a rede não oferece nenhuma prova de cumprimento efetivo de suas políticas.”

Relatório relaciona baixa pontuação do Twitter com nova gestão

Segundo o relatório, a baixa pontuação no combate à desinformação climática está ligada, em parte, às mudanças adotadas pela nova gestão do Twitter:

“A aquisição da empresa por Elon Musk criou uma incerteza sobre quais políticas ainda estão em vigor e quais não estão”.  

Durante o segundo trimestre de 2022 — mesmo período em que Musk inicia negociações pela rede social — o Twitter anunciou uma nova política de anúncios que proibia publicidade de conteúdos negacionistas.

No entanto, até hoje não há dados suficientes fornecidos pela plataforma que apontam se isso foi ou não cumprido, segundo a ONG.

Outro ponto crítico destacado pelo CAAD é que o (agora) X também é a única rede que não possui um processo claro para denúncias de conteúdo prejudicial.

Desde a aquisição da Twitter em outubro de 2023, Elon Musk demitiu boa parte dos funcionários da empresa, e se afastou de negociações com reguladores, decisões que impactaram na transparência da rede social.

‘Há espaço para fazer para mais’

Ainda que algumas plataformas tenham se saído melhor, o relatório aponta que há mais ainda a ser feito, já que nenhuma delas oferece, por exemplo, transparência sobre algoritmos ou dados sobre propagandas ambientais enganosas (greenwashing). 

Dentre as principais vulnerabilidades apontadas estão: 

  • YouTube, Meta e TikTok se comprometeram a atuar notícias falsas sobre o clima nas suas plataformas, mas pesquisas independentes apontaram falta no cumprimento desses compromissos;
  • 4 das 5 plataformas não possuíam políticas de moderação que incluíam uma definição universal de desinformação climática;
  • Nenhuma plataforma mostrou provas de moderar conteúdo falso sobre o clima da mesma forma em diferentes idiomas;
  •  4 das 5 plataformas tinham políticas de privacidade difíceis de ler, que não evitavam a venda/compartilhamento de dados pessoais, ou ambos;
  • 4 das 5 plataformas não compartilham tendências sobre as correntes de desinformação.
  • 2 das 5 plataformas não possuem ferramentas educativas sobre o tema.
  • Ferramentas como o Centro de Ciência Climática do Facebook foram provadas como insuficientes para combater desinformação.

O CAAD conta com o apoio de mais de 50 ONGs de ação ambiental em nível global, incluindo Greenpeace e Amigos da Terra Internacional. O relatório completo pode ser acessado aqui.

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