Londres – Um boto cor-de-rosa com 4 metros de comprimento, feito pelo artista plástico Gil Reais, foi o protagonista da primeira ação de protesto do Brasil na COP28, em Dubai, realizada neste domingo (3).
A iniciativa, intitulada“Boto Alerta: Queremos nadar na água, não no petróleo!”, foi feita pela organização de jovens Engajamundo, em parceria com o Greenpeace Brasil, na Zona Azul da conferência do clima da ONU.
O objetivo foi denunciar os impactos socioambientais que a exploração de petróleo na região Amazônica pode causar, um dos temas que está turvando a presença brasileira primeira COP do governo Lula.
Protesto do Brasil na COP28 inspirado na morte de botos
A inspiração para a escultura foi a morte dos botos impactados pela seca severa do último período, representando a fauna e a exploração de petróleo na Bacia da Foz do rio Amazonas.
Para Marcelo Laterman, porta-voz do Greenpeace Brasil, a ação realizada em parceria com o Engajamundo denuncia a contradição do governo brasileiro em defender a expansão das fronteiras de petróleo no país, especialmente em áreas sensíveis como a Amazônia, ao mesmo tempo em que busca reposicionar o país em um papel de protagonismo na agenda climática.
“De forma criativa, esses jovens ativistas dão um recado importante: não há futuro virtuoso para a Amazônia com o avanço do petróleo na região. A abertura dessa nova fronteira pode ficar marcada como o pior legado socioambiental do presidente Lula.
É preciso que o governo cumpra com o que prometeu e defenda a Amazônia, seus povos e enfrente a crise climática de forma responsável”.
Entre 2012 e 2020, segundo a Engajamundo, o número de campos petrolíferos na Amazônia aumentou em 13% e, caso haja a abertura dessa nova fronteira na costa amazônica, esse número vai aumentar exponencialmente.
O Brasil é o 9º maior produtor de petróleo no mundo. A Engajamundo e o Greenpeace criticam a entrada do Basil como observador na Opep + (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), em plena COP 28, ” que mostra que o país e seus líderes ainda têm o petróleo como prioridade econômica, apesar dos discursos em defesa da descarbonização”.
Jaciara Borari é uma das ativistas indígenas do Engajamundo e faz parte da delegação que montou essa ação.
“Queremos que de alguma forma o protesto na COP28 expresse a urgência dessa pauta chegar nos tomadores de decisão, e que o processo de exploração de petróleo na Bacia da Foz do rio Amazonas seja repensado e barrado.
“Ainda temos tempo para evitar um grande desastre anunciado!”, alerta a ativista.
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