Enquanto corporações e líderes globais que participam da COP28 em Dubai ainda não assumiram os compromissos esperados para resolver a crise da biodiversidade e do aquecimento global, a ansiedade climática cresce no mundo – e mais ainda entre pessoas que falam português, revelou uma pesuisa no Google Trends sobre buscas relacionadas ao tema nos últimos cinco anos.
A empresa de buscas revelou em uma pesquisa para o projeto BBC 100 Women que as buscas no idioma subiram muito mais do que em outras línguas nos 10 primeiros meses de 2023 em comparação com o mesmo período de 2017: nada menos do que 73 vezes. Em inglês, o aumento foi de 27 vezes.
O Google não detalhou o gênero ou idade de quem fez as buscas, mas outras pesquisas mostram que mulheres e o público jovem adulto são os que mais se preocupam com os efeitos das mudanças do clima.
Buscas sobre ansiedade climática dispararam
A análise do Google foi feita com base em uma métrica chamda “interesse de busca”, que não contabiliza o número absoluto de pesquisas, mas sim a tendência de crescimento sobre determinados termos ao longo de um período de tempo a partir de uma amostra, ajustando-se os dados para comparar países com diferentes populações.
Os termos mais buscados no Google nesses cinco anos estão associados a dois conceitos, “ansiedade ecológica” e “ansiedade climática”, que têm significados diferentes. O primeiro diz respeito a efeitos como poluição e biodiversidade, e o segundo refere-se a uma preocupação mais generalizada com as transformações no clima.
O Google informou que esses termos registraram aumento de 4.590% de 2018 a 2023 nas buscas, considerando-se todos os idiomas pesquisados.
Depois do português e do inglês, os idiomas com maior crescimento nas buscas em cinco anos foram o chinês (simplificado), oito vezes e meia e o árabe, 20 vezes.
A BBC explicou que esses idiomas não são necessariamente os que apresentam maior taxa de buscas sobre ansiedade climática levando em conta o tamanho da população dos países onde são falados, mas sim os que o Google pesquisou nesse estudo.
O aumento do interesse pelo tema em português coincide com a maior incidência de enchentes, queimadas, ondas de calor e outros desastres ambientais ocorridos em território brasileiro, e também com episódios ocorridos em outros países que falam o idioma, como os devastadores incêndios florestais em Portugal.
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Países nórdicos lideram buscas sobre o tema
Em números absolutos, a maior parte de pesquisas sobre o assunto no mundo em cinco anos foi registrada em países nórdicos, com Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega, somando 40% das buscas globais.
Já países do hemisfério como Chile, África do Sul e Filipinas, tiveram menor número de buscas em números absolutos.
À BBC, um porta-voz do Google informou que os resultados ajudam a identificar tendências ao redor do mundo:
“Quando você olha para os termos que as pessoas estão buscando, fica evidente que elas estão querendo entender sobre o assunto e também agir”.
O estudo mostrou ainda um aumento recente no interesse pelo futuro do planeta. “Como resolver as mdanças climáticas” foi uma das perguntas com tendência de alta nos últimos dois anos.
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