Londres – Banido do então Twitter em 2018, o conspiracionista dos EUA Alex Jones teve sua conta desbloqueada neste domingo (10) por Elon Musk, após uma pesquisa feita pelo bilionário em sua conta na plataforma. 

Dono do império de mídia digital Infowars, Jones ficou conhecido por ter afirmado várias vezes que o massacre na escola Sandy Hook, em 2012, tinha sido encenado. Em 2022 ele foi condenado a pagar quase US$ 1,5 bilhão em um processo movido por famílias das vítimas. 

Embora Musk tenha reintegrado outras figuras conhecidas por promoverem teorias da conspiração e discurso de ódio, desta vez ele atribuiu a responsabilidade aos usuários do Twitter: “As pessoas falaram e assim será”, postou ele.  em resposta a uma pesquisa no sábado sobre a reintegração da conta de Jones.

70% dos votos a favor de Alex Jones no Twitter

 As pesquisas no Twitter não refletem o pensamento da sociedade e nem são válidas como referência para o que pensa o conjunto de usuários, já que podem ser manipuladas por apoiadores de uma causa e são respondidas apenas pelos que seguem uma determinada conta e não por uma amostragem representativa. 

Nesse caso, o número de votantes parece expressivo numericamente – quase dois milhões votaram, 70% a favor da volta de Alex Jones ao Twitter. Mas a conta de Elon Musk tem mais de 160 milhões de seguidores e apenas um pequena parcela deles se manifestou sobre a ideia polêmica.

Pesquisa de Elon Musk no Twitter sobre volta de Alex Jones

Jones é um conhecido conspiracionista que floresceu durante o governo de Donald Trump, atraindo seguidores da extrema-direita e construindo um império comercial que inclui mídias online e venda de produtos.

Depois do massacre de Sandy Hook, que deixou 26 mortos, ele afirmou repetidas vezes em seu programa de rádio Infowars que o tiroteio escolar mais mortal da história dos EUA havia sido obra de ativistas que defendem o controle de armas, com atores simulando um ataque, e acabou condenado pelas mentiras e por danos morais causados às famílias. 

Andrew Tate deu as boas-vindas a Jones na rede social 

Alex Jones não é a primeira figura polêmica a ganhar de volta sua conta no Twitter.

Após comprar a plataforma, em outubro de 2022, Elon Musk reintegrou nomes como Donald Trump e o influenciador misógino britânico Andrew Tate, que está em prisão domiciliar na Romênia enquanto responde a processos por tráfico de pessoas, estupro e exploração sexual de mulheres. 

A primeira publicação de Jones ao ser integrado ao Twitter foi a repostagem de um tweet de Tate, saudando sua volta: 

Para mostrar respeito a Alex Jones por seu retorno triunfante e para mostrar respeito por Elon ser um herói – diga a um globalista para se f*** hoje.

Musk admite que decisão pode desagradar anunciantes

A decisão de Elon Musk pode aprofundar ainda mais a crise financeira da plataforma, já que anunciantes se afastam dela justificando a decisão pelo avanço de discurso de ódio e desinformação. 

A mais recente onda de boicotes veio há duas semanas, depois que a ONG Media Matters publicou um relatório mostrando anúncios de grandes marcas como Apple, Disney e IBM ao lado de posts com conteúdo nazista. 

Dias depois Musk desafiou o boicote durante um debate em um evento do New York Times, dizendo que não será chantageado e mandando os anunciantes “se f*”, palavra que vai ficando comum em conversas sobre o Twitter. 

O dono do Twitter respondeu sobre o tema a um usuário que o questionou sobre o impacto da volta de Alan Jones à plataforma. 

Ele disse discordar “veementemente” das afirmações de Jones sobre o massacre de Sandy Hook, mas acrescentou:”somos ou não somos uma plataforma que acredita na liberdade de expressão ?”

Ele admitiu que a volta do conspiracionista  seria “ruim para X financeiramente”, mas “os princípios importam mais do que o dinheiro”.