O jornalista Francisco Javier Ramírez Amador, de Honduras, foi assassinado em uma cidade a 70 quilômetros da capital do país, Tegucigalpa, mesmo estando sob proteção policial devido a reportagens investigativas que renderam diversas ameaças.

Amador, de 39 anos, foi atacado por indivíduos armados quando dirigia seu carro acompanhado por um policial designado pelas autoridades para garantir sua segurança. O agente ficou ferido no ataque, mas sua condição é estável, segundo a Sociedade Interamericana de Imprensa. 

O crime aconteceu na noite de 21 de dezembro em Danlí, província de El Paraíso. O jornalista trabalhava como repórter e apresentador do Canal 24, em Danlí, mas afastou-se da atividade em maio depois de sobreviver a um atentado.

Jornalista assassinado estava sob proteção desde maio 

Ramírez Amador solicitou segurança por meio do Sistema de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, Jornalistas, Comunicadores Sociais e Operadores de Justiça, criado em 2015. 

Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês), ele aguardava confirmação de asilo político para deixar o país. Os autores do atentado fugiram e não foram identificados.

O caso gerou protestos de entidades locais e internacionais. 

A representante das Nações Unidas em Honduras, Alice Shackelford , revelou no Twitter que o comunicador havia dito que temia por sua vida após sofrer um atentado em maio deste ano.

“É terrível saber do assassinato do jornalista Francisco Ramírez, sob medidas protetivas. Eu o conheci em Danlí há alguns meses e ele me contou como sentia que sua vida estava em perigo. Que triste saber que não foi protegido. Faço um apelo por investigações imediatas”. 

A Associação de Imprensa de Honduras  condenou “o vil assassinato do comunicador social Francisco Ramírez ” e exigiu investigação científica imediata e exaustiva e a aplicação da justiça contra os autores intelectuais”. 

O presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa, Roberto Rock, condenou o crime e instou as autoridades hondurenhas  a processarem os responsáveis.

“É escandaloso que isso tenha ocorrido apesar de a vítima ter tido medidas cautelares para sua proteção. Este caso deverá ajudar as autoridades a identificarem e corrigirem as falhas óbvias no mecanismo de proteção”.

O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP e diretor jornalístico de La Voz del Interior da Argentina, Carlos Jornet, acrescentou que “o crime chama mais uma vez a atenção para a urgência de avaliar o funcionamento dos sistemas de proteção”, que em geral tendem a ser reativos e não preventivos e não dispõem de recursos econômicos e humanos suficientes, nem de formação adequada para garantir a sua eficiência.

De acordo com a União de Jornalistas de Honduras, Ramírez é o primeiro jornalista assassinado em Honduras em 2023. De 2000 até hoje, 98 pessoas com atividades jornalísticas foram mortas no país, disse a organização. 

O número de jornalistas mortos no mundo caiu este ano em relação a 2022, sobretudo na América Latina.