“Mantendo o 1,5º Vivo”, um dos objetivos da conferência do clima da ONU realizada em dezembro em Dubai , foi também uma das categorias do concurso de fotografia ambiental Environmental Photographer of the Year, que anunciou as fotos vencedoras de sua edição 2023.
As imagens premiadas e finalistas são uma representação visual da necessidade de evitar que o aumento da temperatura global ultrapasse 1,5°C, com fotos que demonstram em cores vivas o impacto de secas, derramamentos de óleo e poluição sobre o meio ambiente, os animais e as pessoas.
Organizado pela Chartered Institution of Water and Environmental Management (CIWEM), o prêmio recebeu este ano quase 2,5 mil inscrições de 1,5 mil fotógrafos de 159 países.
Fotos da crise do clima mostram resiliência das comunidades
Os fotógrafos premiados e finalistas na categoria “Mantendo o 15% Vivo” retrataram em suas fotos não apenas as consequências das mudanças climáticas, mas também a resiliência das comunidades frente aos desafios e as soluções encontradas para sobreviver em locais severamente afetados pela crise do clima.
Sobrevivência de búfalos na seca, por Md Shafiul Islam, Bangladesh
O vencedor na categoria ‘Mantendo 1.5 vivo’ foi Shafiul Islam, com uma foto que mostra búfalos vasculhando pastagens áridas em busca de alimento em Gaibandha, Bangladesh, um dos países mais afetados pelo aquecimento global.
Salvando o OS35, por Donovan Torres, Espanha
A imagem registrada em julho de 2023 em Gibraltar Rock, na Espanha, foi a segunda colocada da categoria. Ela mostra o petroleiro OS35 que afundou parcialmente após colidir com um navio transportanto gás natural, causando um grande derramamento de óleo e danos ecológicos e ambientais.
A equipe de salvamento é vista no topo de um navio-tanque submersível que transporta a maior parte do OS35. O petroleiro estava carregado com barras de aço e levava mais de 400 toneladas de combustível.
Pastor devastado, por Frederick Dharshie Wissah, Quênia
Uma das fotos finalistas do concurso retrata o pastor samburu Loonkishu Lemerketo chorando após encontrar seus três cabritos mortos. Eles morreram porque a mãe desidratada não conseguiu produzir leite.
Os Samburus são pastores semi-nômades que cuidam do gado e criam cabras, ovelhas e camelos. Eles estão entre as pessoas mais afetadas pela grave seca relacionada com as alterações climáticas no Quênia.
Esta fotografia foi produzida em outubro de 2022, quando o Quênia enfrentava a pior seca dos últimos 40 anos.
Do lago salgado abandonado ao campo de energia verde, por Zhang Xu, China
Uma lagoa salgada que foi usada por quase mil anos é mostrada em outra das fotos finalistas da competição. As secas recentes significam que há menos capacidade para lagoas de sal, e esta foi substituída por uma central fotovoltaica para complementar a central eólica na montanha.
Colhendo arroz nas águas das enchentes, por Muhammad Amdad Hossain, Bangladesh
Agricultores trabalhando pacientemente para resgatar as plantações de arroz em meio a graves inundações são retratados em uma das fotos selecionadas como finalista do Environmental Photographer of The Year 2023.
Eles enfrentam água até a cintura para salvar a colheita submersa, e usam barcos para levar o que conseguem recuperar para áreas secas.
Lützerath I, por Ingmar Bjöern Nolting, Alemanha
O fotógrafo alemão Ingmar Bjöern Nolting teve duas imagens selecionadas entre as finalistas do concurso de fotografia ambiental. A primeira retrata ativistas que ocupam a mina de carvão linhita desde 2020, resistindo contra planos de mineração da empresa alemã RWE.
Cerca de 4 a 6 mil ativistas de toda a Alemanha reuniram-se em Lützerath para uma protestar contra o despejo e a mineração de carvão.
A imagem mostra manifestantes na zona de perigo na borda da mina. Enquanto havia pessoas na área a escavadeira foi obrigada a paralisar sua operação, até que o local fosse desocupado.
Lützerath III, por Ingmar Bjöern Nolting, Alemanha
A segunda imagem mostra os ativistas climáticos que ocupam a mina de linhita durante um confronto com a polícia. Eles foram obrigados a deixar o local.
Depois de uma manifestação pacífica, milhares de manifestantes invadiram a aldeia desmatada. Pouco antes de chegarem aos portões de Lützerath, foram contidos pela polícia.
O despejo de Lützerath, por Gil Bartz, Alemanha
O fotógrafo Gil Bartz também retratou os manifestantes de Lützerath. A foto mostra dois ativistas na beira da mina a céu aberto olhando para uma escavadeira.
O preço de um elefante, por Saurav Kumar Boruah, Índia
Três elefantes selvagens morreram em um vilarejo à beira da floresta, devido a uma descarga elétrica. A imagem finalista do concurso de fotografia ambiental mostra a homenagem que os moradores locais prestaram aos elefantes, oferecendo orações, flores, incensos e moedas.
Os animais costumam vir às aldeias durante a noite em busca de comida, já que suas fontes habituais tornaram-se escassas devido ao desmatamento.
Assistência rápida, por Adrián Irago, Espanha
Um helicóptero da Brigada de Reforço de Incêndios Florestais de San Xoan despeja água na localidade de Moreiras, na província de Ourense. Não houve feridos.
A Galícia, e especialmente a província de Ourense, sofrem todos os anos com incêndios florestais que destroem o patrimônio natural e colocam as pessoas em perigo.
Em 2022, mais de 51 mil hectares foram queimados na região, o que representa 18% do total de hectares incendiados na Espanha, segundo dados do governo.
O ambiente rural da Galícia é especialmente vulnerável devido ao despovoamento e ao envelhecimento demográfico: não existem recursos suficientes para prevenir ou gerir os incêndios nas montanhas.
O desafio Gabra, por Mauro de Bettio, Quênia
O povo de Gabra vive nas paisagens áridas do norte do Quênia e do sul da Etiópia. Um dos desafios mais significativos que enfrentam é a escassez de água.
Nesta aldeia não chove há mais de cinco anos. A maioria das famílias perdeu o gado do qual sua vida e seu futur dependem.
A mulher da foto destacada pelo júri do concurso vai a um poço todas as manhãs com um pequeno jarro para coletar as poucas gotas de água que encontra.
O verdadeiro herói, por Haider Khan, Índia
Sunil reside na zona costeira de Goa. Ele pertence à comunidade pesqueira mais antiga da região, os Ramponkars.
A comunidade trabalha ativamente para preservar a sua cultura e tradições para o futuro, removendo bolhas de óleo gordurosas e espessas que chegam às águas.
Os derramamentos de petróleo causam danos aos manguezais quando cobrem suas raízes, o que limita o transporte de oxigênio. O problema atinge também muitos invertebrados, peixes e plantas que existem no ecossistema dos manguezais.
Quase 447 milhões de toneladas de petróleo e seus subprodutos são transportados através do Mar da Arábia e do Golfo de Bengala todos os anos.
Caminhando em meio à tempestade, por Peter Ndung’u, Quênia
Uma mulher cobre o rosto e a boca enquanto caminha em meio a uma tempestade de poeira. A imagem foi capturada nos arredores do Parque Nacional de Amboseli, no Quênia.
O país tem sido devastado pela seca há cerca de dois anos. Tempestades de areia como esta tornaram-se a norma nas zonas semiáridas.
Elas podem ter efeitos prolongados, provocando dificuldades respiratórias, irritação na garganta e na pele e até doenças cardíacas.
As imagens foram publicadas com a autorização do concurso de fotografia ambiental Environmental Photographer of The Year 2023.
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