Lisboa – Pode estar mais próximo do fim da crise do Global Media Group (GMG) em Portugal: o grupo assinou um acordo com um grupo de empresários liderado por Diogo Freitas para transferir a propriedade do Jornal de Notícias (JN), das rádios TSF e Comercial de Açores, do desportivo O Jogo, e das revistas Volta ao Mundo, Evasões, Notícias Magazine e JN História. 

Como parte do compromisso de compra, os jornalistas do GMG, que fizeram uma greve em janeiro , receberam na semana passada os exercícios de janeiro. Entretanto, ainda falta pagar os valores relativos a outubro e novembro para parte dos profissionais.

Segundo comunicado assinado pelos acionistas Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira, estão sendo avaliados mecanismos para regularizar o subsídio de Natal.

O pagamento já feito envolve mais de 500 colaboradores efetivos e mencionados de serviço, o que representa um custo mensal de 800 mil euros.

Mas a história do GMG ainda não acabou. Segue ainda indefinido o destino de outros títulos como o centenário Diário de Notícias (DN), Dinheiro Vivo e o Açoriano Oriental, o jornal mais antigo de Portugal. 

E na quinta-feira (16) a situação se complicou ainda mais. O Conselho da ERC (agência reguladora de comunicação social) decidiu aplicar o artigo 14.º da Lei n.º 78/2015, de 29 de julho (Lei da Transparência) ao World Opportunity Fund “por falta de transparência na identificação da cadeia de imputação da participação na sociedade Páginas Civilizadas, Lda”, suspendendo o exercício do direito de voto e dos direitos de natureza patrimonial. 

O World Opportunity Fund (WOF) é o acionista majoritário nas empresas Palavras Civilizadas e Grandes Notícias. Elas possuem 50,25% da GMG. Os outros acionistas são os empresários Kevin Ho (29,35%) e José Pedro Soeiro (20,40%).

O GMG tem uma dívida de 7,5 milhões de euros com a Autoridade Tributária e Segurança Social, que está a ser paga por meio de um acordo denominado Regime Excepcional de Regularização Tributária. A administração atual responsabiliza-se pelas gestões acima por estes encargos.

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Quem tenta tirar o Global Media Group da crise

Diogo Freitas, o empresário que lidera o grupo de novos acionistas, é dono da Officetotal Food Brands, empresa alimentícia localizada em Ponte de Lima, região Norte do país. A empresa, que tem 15 anos, fechou 2023 com faturamento de 14 milhões de euros, 22% a mais do que no ano anterior. 

Diogo Freitas, empresário de Portugal que se uniu a outros para comprar títulos do Global Media Group
Diogo Freitas, empresário (foto: Luis Freitas / divulgação)

Segundo o comunicado a que a agência portuguesa Lusa teve acesso, essa é a justificativa para a compra:

“Somos um grupo de investidores e empresários de várias regiões de Portugal, com especial predominância para o Norte do país, que temos atenção com os acontecimentos recentes que colocam em causa a estabilidade do GMG, a confiança das suas marcas e o emprego dos seus profissionais “. 

Os outros novos donos dos títulos são o Parsoc, a Iliria e o empresário Jorge Ribeiro. Com a operação, as empresas Parsoc e Ilíria retornam aos negócios de jornalismo.

Elas já foram sócias do acionista Marco Galinha entre 2020 e 2023 na Palavras de Prestígio, que por sua vez tem participação nas Páginas Civilizadas, que controla a Global Media. 

A Parsoc, localizada em Seia, no centro do país, atua na distribuição e revenda de produtos de tabaco de combustão e aquecimento, na comercialização de Jogos Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e na venda direta de jornais para estabelecimentos comerciais. 

A Ilíria é uma empresa de consultoria e gestão empresarial, sediada em Cascais, no sul do país. 

Os títulos adquiridos por grupo de empresários vão para uma nova empresa que terá também a participação acionária de uma cooperativa de jornalistas. Os atuais acionistas minoritários do GMG deverão ficar com uma participação em torno de 30%.

Em 19 de fevereiro, haverá uma assembleia geral extraordinária de acionistas da Global Media, o pedido dos acionistas Kevin Ho e de José Pedro Soeiro, que, entre outros pontos, decidirão a destituição do atual Conselho de Administração e um aumento de capital de cinco milhões de euros. 


por Lena Miessva, colaboração para o MediaTalks

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