MediaTalks em UOL

Obras de arte feitas com cinzas da Amazônia vão a leilão em Londres para apoiar povos do Xingu 

Londres – Obras de arte feitas com tintas e pigmentos fabricados a partir de cinzas e carvão extraídos de áreas queimadas da Amazônia, criadas por 29 artistas contemporâneos indígenas e não indígenas de vários países, estão sendo expostas em um centro cultural de Londres e irão a leilão pela casa Christie’s no dia 9 de março.

Os recursos serão usados para comprar equipamentos de combate a incêndio e fornecer treinamento a indígenas de duas comunidades do Xingu, e também em iniciativas de reflorestamento em todo o território.  

O projeto “From the Ashes” (Das Cinzas) é uma iniciativa da ONG Migrate Art, que desenvolve programas de apoio a comunidades vulneráveis por meio da arte, em colaboração com o centro de pesquisa artística da organização People’s Palace Projects, com sede em Londres. 

Entre os trabalhos expostos está o do artista indígena brasileiro Aislan Pankararu.

'Encontro da argila branca com genipapo' é a obra do artista indígena Aislan Pankararu feita com as cinzas da Amazônia
Aislan Pankararu / Encounter of white clay with genipapo (2023)

Viagem à Amazônia inspirou projeto de arte 

A ideia tomou forma a partir de uma viagem à Amazônia feita pelo fundador da Migrate Art, Simon Butler, junto com a equipe da People’s Palace Projects, em julho de 2022. 

Os líderes dos povos Wauja e Kuikuro mostraram a Butler as áreas da floresta queimadas devido ao corte ilegal de madeira para dar lugar ao gado e à soja. Ele recebeu permissão para recolher cinzas e carvão, que foram transformados em pigmentos, tintas e nanquim usados para fazer desenhos. 

As obras estão expostas na  The Truman Brewery, e serão vendidas em um série de leilões de arte contemporânea e pós-guerra da Christie’s.

O vídeo mostra a criação das tintas e pigmentos. 

Os artistas participantes são Aislan Pankararu, André Griffo, Andy Goldsworthy, Antonio Tarsis, Alfie Caine, Cornelia Parker, Glenys Johnson, Gokula Stoffel, juiz Harminder, Idris Khan, artesãos indígenas das aldeias Ulupuwene e Topepeweke, John Kørner, Julie Curtiss, Kamo Waurá, Loie Hollowell, María Berrío, Mary Mattingly, Michel Mouffe, Nigel Cooke, Piers Secunda, Richard Long, Richard Woods, Robert Longo, Samuel de Saboia, Sarah Ball, Shezad Dawood, Simon Butler, Tal R, Tacita Dean e Tony Bevan.

Conheça as obras de arte feitas com cinzas e carvão

A simpática corujinha-do-Xingu foi retratada por Sarah Ball.

Sarah Ball / Megascops stagiae (2023)

Afluentes coloridos dos rios da Amazônia feitos com cinzas foi a obra de Shezad Darwood.

Shezad Dawood / Tributaries (2023)

Richard Long criou um círculo que retrata a Amazônia queimando, expressando o sonho de que isso um dia não mais aconteça.

Richard Long/Amazon burning and dreaming (2023)

Uma esfera com raios em volta que representa ‘a respiração’ da Amazônia foi a arte criada por Mary Mattingly.

Mary Mattingly / Breath (2023)

O retrato de uma menina feito com as cinzas foi a obra da artista Maria Berrio.

Maria Berrio / Untitled (2023)

O artista André Griffo criou o cenário do ‘abençoado Ranieri cultivando desertos’.

André Griffo / The blessed Ranieri cultivating deserts (2023)

O artista John Kømer usou as cinzas para desenhar uma geleira em processo de derretimento. 

John Kømer / Glacier at night (2023)

‘Das cinzas, ossos de ontem’  foi a obra de Samuel de Saboia.

Samuel de Saboia / From the ashes, bones of yesterday Memoria (2023)

Richard Woods criou um toco de freixo em preto e branco.

Richard Woods / Ash tree stump (2023)

‘Sonhando conosco, sementes brotando’ foi o trabalho bem colorido e feito com cinzas de Gokula Stoffel.

Gokula Stoffel / Dreaming of us seeds sprouting (2023)

Simon Butler retratou um indígena em tons de vermelho. 

Simon Butler / Kamo (2023)

Cinzas do Xingu é o trabalho do artista Harminder Judge.

Harminder Judge / Untitle Xingu ash (2023)

Sair da versão mobile