Londres – A Nike está sob críticas até de líderes políticos como o primeiro-ministro Rishi Sunak após a apresentação das novas camisas da seleção inglesa de futebol, em que a Cruz de São Jorge, principal elemento da bandeira nacional, aparece em uma combinação de roxo, azul, preto e vermelho.
Na bandeira da Inglaterra, a cruz é vermelha sobre um fundo branco. Ao lançar os novos uniformes, a patrocinadora da seleção explicou ter feito “uma atualização lúdica da Cruz de São Jorge na gola da camisa, com o objetivo de unir e inspirar” – mas o resultado foi o oposto, gerando uma crise de imagem.
Desde segunda-feira (18), quando o kit foi divulgado pelas redes sociais, a Nike enfrenta uma revolta nas redes sociais, críticas abertas na imprensa e ameaça de boicote de seus produtos. Keir Starmer, líder do partido Trabalhista, que está à frente nas pesquisas para se tornar primeiro-ministro, foi um dos que pediu à Nike para voltar atrás. Rishi Sunak declarou que prefere a bandeira original.
Camisa da Nike para Seleção inglesa será usada no campeonato Euro24
O novo kit de camisas da Nike para a seleção inglesa, que enfrenta o Brasil em um amistoso em Londres neste sábado (23), é composto pelos uniformes que serão usados pelos jogadores no campeonato Euro24, que começa em junho, e serão inaugurados no amistoso.
As camisas estão sendo vendidas desde quinta-feira (21) aos torcedores no site da Nike por 125 libras (R$ 782,00 ), valor que também foi criticado.
A descrição da Nike, reproduzida no site oficial da seleção, diz: “O kit Inglaterra 2024 revoluciona a história com uma versão moderna de um clássico”.
A segunda camisa, na cor roxa, é apresentada como “seguindo a linha entre o padrão estabelecido e o não-convencional”, com o roxo resultante da fusão do azul e do vermelho tradicionais adotado “para homenagear a história e celebrar o futuro do time”.
Não há referências a uma homenagem à bandeira do arco-íris, símbolo LGBTQ, na releitura da Cruz de São Jorge que aparece na parte de trás da gola, mas alguns viram nas novas cores uma alusão ao movimento, acusando pejorativamente a Nike de “politicamente correta”.
No entanto, a fúria maior é contra a alteração do principal elemento da bandeira da Inglaterra. As principais críticas dos descontentes são contra o que alguns chamaram de “profanação de um símbolo nacional”.
A Nike também apresentou uniformes de outras seleções patrocinadas por ela na Europa, sem alterações significativas, o que foi lembrado pelos insatisfeitos com a “atualização lúdica”, sugerindo até conspiração contra o país.
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Petição online contra a Nike
Uma petição online foi criada para pressionar a Nike a voltar atrás, e em dois dias reuniu mais de 18 mil assinaturas. No texto, o autor diz:
Esta peça heráldica milenar é identificação dos ingleses há séculos. Fala da determinação heróica do nosso padroeiro São Jorge, do orgulho que ele tem em vencer os malfeitores em grandes atos de serviço e da antiga tradição cristã desta terra e deste povo. É um símbolo que resume as virtudes que nos tornam ingleses e que caracterizam esta nação no cenário internacional.
O clamor contra a patrocinadora provocou comentários de políticos de vários partidos. A fala de maior repercussão foi a de Keir Starmer, por sua posição de provável novo chefe de governo nas eleições previstas para este ano.
Ele disse ser grande fã de futebol, frequentador de estádios, e que não entendeu por que a Nike achou que deveria mudar o símbolo nacional na camisa da seleção inglesa.
“É um unificador, não precisa ser mudado. Só precisamos estar orgulhosos [do símbolo] – então, acho que eles deveriam reconsiderar”.
A Nike inicialmente não comentou a polêmica, mas diante da onda contrária distribuiu uma nota dizendo que não teve a intenção de ofender. A Football Association também disse que não voltará atrás, observando que não é a primeira vez que a Cruz de São Jorge inspira desenhos coloridos nas camisas oficiais.
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