Londres – Mais uma tentativa de libertar o jornalista americano Evan Gershkovich, preso na Rússia há mais de um ano acabou frustrada: o Primeiro Tribunal de Apelações de Jurisdição Geral de Moscou rejeitou nesta terça-feira (23) o recurso contestando a quinta prorrogação de sua prisão preventiva.

Repórter do Washington Post, Evan Gershkovich foi capturado em 29 de março de 2023 quando fazia uma reportagem sobre a indústria de armas russa na região dos Montes Urais, embora estivesse credenciado como profissional de imprensa. Em março deste ano, a justiça decretou a quinta prorrogação da prisão preventiva. 

O Wall Street Journal tem cobrado de forma velada o empenho do governo dos EUA para levar o jornalista de volta para os EUA.  Após a rejeição do recurso, o jornal subiu um pouco o tom e instou a administração Biden “a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para libertá-lo”. 

Jornalista preso foi ao tribunal ouvir a sentença 

Filho de pais soviéticos que emigraram para os EUA, Gershkovich tem se mostrado firme e sem sinais de abatimento. Ele é o priemiro jornalista ocidental preso pela Rússia desde a guerra fria. 

O jornalista, de 32 anos, foi levado à audiência em que a decisão foi tomada. Protegido por uma redoma de vidro, ele sorriu e fez um sinal de coração com as mãos para fotógrafos autorizados a registrar sua presença. 

O Wall Street Journal informou que Gershkovich respondeu “tudo certo” quando questionado pelo juiz se havia entendido a decisão do tribunal.

Desde o início, o caso foi visto como uma ato da Rússia para negociar uma troca de prisioneiros, como já feito em situações anteriores. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, já confirmou em entrevista essa possibilidade, mas as negociações ainda não chegaram a uma conclusão. 

Enquanto isso, Evan Gershkovich segue detido na famosa penitenciária de Lefortovo, em Moscou, que abriga presos políticos. Se a preventiva não for revogada ou um acordo for fechado, ele deverá ficar preso até pelo menos 30 de junho. 

Negociações entre EUA e Rússia para libertar jornalista preso 

Evan Gershkovich foi classificado pelos EUA como “detido injustamente”, condição que obriga o governo a trabalhar para garantir a sua libertação, assim como a de Paul Whelan, executivo de segurança que cumpre uma pena de 16 anos por espionagem numa colónia penal russa, que recebeu a mesma classificação e que poderia fazer parte de uma negociação envolvendo presos russos. 

No comunicado emitido nesta terça-feira o jornal disse ser “ultrajante que Evan esteja detido injustamente pelo governo russo durante mais de um ano”.

Na semana passada, segundo o WSJ, a Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA aprovou uma resolução bipartidária exigindo a soltura de Gershkovich, chamando-o de “jornalista pioneiro e intrépido”.

O jornal informou que no início deste mês, Roger Carstens, enviado especial dos EUA para assuntos de reféns, disse que uma nova proposta dos EUA a Moscou estava sendo discutida para garantir a libertação de Gershkovich e Paul Whelan. 

Ao mesmo tempo, outra jornalista com cidadania americana segue presa mas o governo dos EUA não a classificou como detida injustamente, o que demandaria esforços do governo. 

Alsu Kurmasheva, que possui dupla cidadania russa e americana e trabalha para a Rádio Free Europe/Radio Liberty, com sede em Praga, foi presa em outubro quando visitava parentes, acusada de não ter informado que estava no país a serviço e de ter dissseminado informações falsas sobre o exército russo.