Londres – A Sky Cinema britânica apresentou o primeiro trailer de “Lee”, novo filme estrelado por Kate Winslet no papel da lendária correspondente de guerra e fotógrafa americana Lee Miller. A atriz também é uma das produtoras.
Miller, que foi fotógrafa de arte e modelo da Vogue, inscreveu seu nome na história do jornalismo pela determinação em documentar o regime nazista. Apesar dos riscos sobretudo para mulheres no front de batalha, ela capturou algumas das imagens mais importantes da Segunda Guerra Mundial, cobrindo o exército americano no conflito.
“Para mim, ela é uma força vital a ser reconhecida, muito mais do que um objeto de atenção de homens famosos. Fotógrafa, escritora, repórter, ela fez tudo o que fez com amor, paixão e coragem, e é uma inspiração do que que se pode alcançar e do que se pode suportar quando se pega a vida pelas mãos e se vive plena e aceleradamente”, disse Kate Winslet.
Veja o trailer do novo filme de Kate Winslet
As filmagens foram feitas em Londres, na Croácia e na Hungria. O filme entra em cartaz nos cinemas britânicos em setembro.
Além da estrela de Titanic, o elenco conta com Andy Samberg como o fotógrafo da Life Magazine David E. Scherman; Alexander Skarsgård como o pintor surrealista inglês Roland Penrose, com quem Lee foi casada; Marion Cotillard como Solange D’Ayen, a diretora de moda da Vogue francesa e amiga de Miller; Josh O’Connor como Tony, um jovem jornalista; e Andrea Riseborough como a editora da Vogue britânica na época, Audrey Withers.
A direção é de Ellen Kuras, aclamada diretora de fotografia que trabalhou com nomes como Jim Jarmusch e Martin Scorcese. O roteiro foi escrito por Liz Hannah, Marion Hume e John Collee, adaptado da biografia “The Lives of Lee Miller”, de Antony Penrose, filho de Lee com o pintor inglês.
A história de Lee Miller
Elizabeth “Lee” Miller (1907-1977) foi uma modelo, fotógrafa e fotojornalista nascida em Poughkeepsie, em Nova York, que se tornou mais conhecida por ser correspondente de guerra na Segunda Guerra Mundial para a Vogue.
A relação de Miller com a publicação começou em 1927, quando ela evitou por pouco ser atropelada graças à intervenção da editora da Vogue em Nova York. Este encontro ajudou a lançar a sua carreira de modelo, retratada pela revista como imagem icônica da jovem moderna.
Depois de um período sendo uma das modelos mais procuradas de Nova York, Lee encontrou sua vocação na fotografia e acabou indo para Paris estudar e colaborar com o fotógrafo surrealista Man Ray, um dos nomes mais importantes do mundo artístico. Ela foi musa do artista.
Seu relacionamento com ele foi tumultuado e muitas vezes controverso. Alguns críticos sugerem que Ray pode ter minimizado a contribuição de Miller para algumas de suas obras.
A fotógrafa retornou a Nova York e abriu seu estúdio lá, onde, de acordo com a biografia de seu filho Anthony Penrose, “The Lives of Lee Miller”, “ser fotografado por Lee Miller tornou-se algo a se mencionar em um coquetel”, como um símbolo de status.
Quando a guerra foi declarada, em 1939, Lee se reconectou com a Vogue para trabalhar como fotógrafa de guerra, tornando-se uma das mulheres correspondentes, pelo lado do exército americano.
Seu objetivo era documentar a guerra como evidência histórica e fornecer contexto para os eventos. Suas raízes surrealistas brilharam em suas imagens, misturando arte com jornalismo em registros provocativos e muitas vezes dramáticos dos eventos que testemunhou.
Entre os eventos que ela registrou estavam o bombardeio de napalm em St Malo, a libertação de Paris, a Batalha da Alsácia e os campos de concentração de Buchenwald e Dachau.
As experiências da guerra– especialmente as dos campos de concentração – continuariam a assombrá-la pelo resto da vida, além do trauma de ter sido violentada na infância.
Nos anos que se seguiram ela lutou contra o alcoolismo, possivelmente desencadeado por depressão pós-parto. Embora ocasionalmente ainda trabalhasse para a Vogue, ela mesma geralmente era o assunto e evitava a fotografia em favor de atividades culinárias, tornando-se uma chef gourmet.
Lee Miller morreu de câncer em 1977 em sua casa em Farley Farm House, em East Sussex, Inglaterra.
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