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Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado com alertas sobre importância de proteger o jornalismo ambiental

Dom Philips jornalista inglês morto na Amazônia do Brasil em 2022

Dom Philips, jornalista inglês que morreu na Amazônia em 2022 (Foto: perfil Twitter)

Londres – A Unesco escolheu a importância do jornalismo livre para a solução da crise ambiental como tema do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado nesta sexta-feira (3 de maio) em todo o mundo. 

A data foi estabelecida pela ONU em 1993 para promover a liberdade de imprensa e lembrar os princípios fundamentais da liberdade de expressão, reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e consolidados na “Declaração de Windhoek”.

O documento foi assinado em uma conferência da Unesco na cidade de Windhoek, Namíbia, em 3 de maio de 1991.

Jornalismo ambiental no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa está sendo comemorado pela Unesco em uma conferência de três dias em Santiago, no Chile, em que temas como a morte de jornalistas em conflitos armados e ameaças como o assédio digital e judicial serão debatidos por profissionais, acadêmicos e entidades internacionais. 

A organização justificou a escolha do jornalismo ambiental como foco do evento este ano, entre tantas questões importantes: 

“Todas as histórias merecem ser contadas. Mas esta pode ser particularmente decisiva.”

A Unesco lembra que  a crise climática e da biodiversidade não afeta apenas o ambiente e os ecossistemas, mas também a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

Histórias de problemas e perdas merecem ser conhecidas e compartilhadas. Nem sempre são bonitas de assistir. Podem até ser perturbadoras. Mas somente sabendo do que se passa a ação é possível. Expor a crise é o primeiro passo para resolvê-la.

É por isso que o papel dos jornalistas é crucial. É através do seu trabalho, da sua coragem e da sua perseverança que podemos saber o que está acontecendo. Eles trabalham na linha de frente da luta coletiva pela saúde do planeta.”

Um relatório divulgado pela entidade revelou que pelo menos 749 jornalistas ou meios de comunicação que fazem reportagens sobre questões ambientais foram atacados nos últimos 15 anos, e a desinformação climática online aumentou dramaticamente neste período. 

Na Índia, segundo a Repórteres Sem Fronteiras, quase metade dos 28 jornalistas mortos desde que Narendra Modi assumiu o cargo de primeiro-ministro, há dez anos, incluindo diretores de meios de comunicação, repórteres de investigação e correspondentes, trabalhavam em reportagens relacionadas ao meio ambiente. 

Jornalismo ambiental é o segundo mais perigoso

Embora muitos profissionais de imprensa tenham morrido recentemente em guerras e conflitos armados, a coalizão de jornalismo climático Covering Climate Now lembrou neste 3 de maio que jornalistas não precisam estar em uma zona de guerra ativa para se encontrarem em perigo.

Segundo a organização, a produção de reportagens ambientais figura como a segundo tipo de trabalho de imprensa mais perigoso, “com poluidores corruptos e criminosos ambientais em todo o mundo dispostos a matar para esconder a verdade de suas atividades.”

A CCNow relembrou o caso de Dom Philips, repórter inglês que morreu na Amazônia em 2022, junto com o indigenista Bruno Pereira.

“Abusos de direitos humanos, crimes ambientais e ameaças à imprensa andam de mãos dadas.”

A coalizão alerta ainda que defender a liberdade de imprensa não é apenas defender a segurança dos jornalistas.

“Os repórteres não são nada sem suas fontes, e as fontes, especialmente aquelas que trabalham para proteger o meio ambiente, estão estatisticamente muito mais em risco do que os jornalistas com os quais trabalham.

Números coletados pela ONH Global Witness mostram que pelo menos 1.910 ativistas ambientais foram mortos entre 2012 e 2022, com ativistas indígenas e defensores da terra – como o indigenista brasileiro – representados de forma desproporcional. 

O que diz a Declaração que originou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 

A Declaração de Windhoek é um documento histórico que enfatiza a importância da liberdade de imprensa para o desenvolvimento e manutenção das sociedades democráticas. Estes são alguns dos pontos-chave da declaração:

  • Libertação da imprensa: A declaração enfatiza que “a liberdade de expressão, de imprensa e de informação é um direito humano fundamental”.
  • Papel da mídia livre: Destaca que “a imprensa livre e independente é um componente essencial de qualquer sociedade democrática”.
  • Acesso à informação: Reconhece que “todos os indivíduos e povos têm o direito de buscar, receber e transmitir informações e ideias através de quaisquer meios e independentemente das fronteiras”.
  • Desenvolvimento da mídia: Reconhece que “o desenvolvimento de uma imprensa pluralista, independente e livre é essencial para o desenvolvimento econômico e político sustentável”.
  • Responsabilidade da mídia: Observa  que “os jornalistas têm o dever de informar, buscar a verdade e servir o público”.
  • Eliminação da censura: Condena-se “a censura em todas as suas formas e manifestações. 

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