Os jornalistas de Gaza foram reconhecidos pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ) com o prêmio Guillermo Cano durante a conferência do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que está sendo realizada em Santiago (Chile).
Cano, que dá nome à homenagem, foi um jornalista colombiano assassinado em frente à redação de seu jornal El Espectador, em Bogotá, em 1986.
Nasser Abu Baker, presidente do Sindicato dos Jornalistas Palestinos (PJS), recebeu o prêmio da Unesco em nome dos colegas que estão trabalhando em Gaza e lembrou em seu discurso os que perderam a vida no conflito.
“O preço de transmitir a verdade na Palestina tornou-se a vida do jornalista e, por vezes, a vida da sua família. Todas os veículos de comunicação em Gaza foram destruídos e os jornalistas estrangeiros também foram excluídos”, disse Abu Baker.
O governo de Israel tem sido pressionado por empresas jornalísticas e correspondentes internacionais a permitir a entrada de profissionais de imprensa na região.
Mas os pedidos não foram atendidos e apenas jornalistas locais conseguem transmitir informações sobre a guerra, em condições precárias de trabalho, segurança e sobrevivência.
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Prêmio para jornalistas em Gaza após mais de 100 mortes
Desde 7 de outubro, segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês), mais de 100 jornalistas e profissionais de imprensa em Gaza morreram em ataques de Israel, uma taxa de mortalidade superior a 10%.
Quase todos os cerca de 1 mil profissionais de mídia registrados na região do perderam familiares, escritórios e as suas casas. “Muitos estão agora desesperadamente famintos e com falta de bens de primeira necessidade”, diz a IFJ.
O Sindicato foi indicado pela Federação para receber a homenagem, que inclui uma dotação de US$ 25 mil da Unesco.
Ao entregar o prêmio, Mauricio Weibel, presidente do júri internacional, disse que a humanidade tem “uma enorme dívida para com os jornalistas palestinos” por sua coragem e compromisso com a liberdade de expressão.
Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, afirmou que o prêmio Guillermo Cano para os jornalistas palestinos é uma forma de lembrar sobre “a importância da ação coletiva para garantir que os jornalistas de todo o mundo possam continuar a realizar o seu trabalho essencial de informar e investigar”.
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