Londres –  O jornalista ucraniano Dmytro Gordon, uma dos nomes mais conhecidos da mídia na Ucrânia e fundador de um canal no YouTube com mais de 3 milhões de assinantes, foi condenado à revelia a 14 anos de prisão pela Rússia.

Na sentença proferida no dia 1º de julho, um tribunal militar considerou Gordon culpado de incitar o terrorismo, “transmitindo informações falsas sobre o exército russo por ódio político” e  de “incitação ao ódio com ameaças de violência” contra o presidente Vladimir Putin

Embora ele não possa ser preso e levado para uma colônia penal por estar fora da Rússia, a condenação é um ato simbólico e mais um movimento de repressão ao jornalismo crítico da Rússia e da guerra, mesmo praticado fora das fronteiras. 

Jornalista condenado na mira da Rússia desde 2022

Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF),  Dmitry Gordon tem sido alvo da Rússia desde março de 2022, quando publicou um vídeo intitulado “Tirem Putin e Lukashenko — a Ucrânia já venceu!”.

O vídeo convocava os russos a protestarem contra a invasão da Ucrânia, que ocorreu em 24 de fevereiro de 2022. 

Dmytro Gordon também estava na lista de pessoas procuradas na Rússia de julho de 2022 e na lista de agentes estrangeiros da Rússia de setembro de 2022 .

Ele comentou no Instagram sobre o veredito da Rússia: “Eles ficam selvagens perto do fim, que será breve e inevitável”.

O canal de Gordon faz parte do pacote de conteúdo em russo transmitido pelo satélite Svoboda, iniciativa da Repórteres Sem Fronteiras para levar informações independentes em russo ao público do país sem esbarrar na censura dos meios de comunicação e da internet. 

Jeanne Cavelier, Chefe do escritório da RSF para a Europa Oriental e Ásia Central, condenou a “farsa jurídica” que levou à sua condenação: 

“Vladimir Putin continua a atacar as vozes independentes que cobrem as consequências de sua invasão da Ucrânia. O conteúdo em russo publicado por Dmytro Gordon […] ameaça claramente a narrativa de guerra do Kremlin. 

A organização protestou contra a condenação “arbitrária, destinada a intimidar jornalistas que divulgam informações independentes sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia”.