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Oito jornalistas da imprensa pró-curda são condenados na Turquia por ‘associação com terrorismo’

Diren Yurtsever, editora da agência de notícias Mezopotamya, foi uma das jornalistas condenadas na Turquia

Diren Yurtsever, editora da agência de notícias Mezopotamya, foi uma das condenadas (Foto: MA via Twitter)

Londres – Oito jornalistas turcos foram condenados a seis anos e três meses de prisão pelo 4º Tribunal de Crimes Graves de Ancara sob a acusação de pertencerem a uma organização terrorista, como parte de um julgamento em massa de 11 profissionais de imprensa que trabalhavam nos veículos pró-curdos Mezopotamya News Agency e JİNNEWS.

Eles permanecem livres enquanto recorrem da sentença. Os outros três jornalistas que haviam sido processados pelo mesmo crime foram absolvidos.

Os 11 haviam sido detidos em outubro de 2022 e indiciados em fevereiro de 2023, como parte de uma perseguição de longa data do governo de Recep Tayyip Erdoğan contra profissionais de imprensa curdos. 

Erdogan está no poder desde 2003, quando virou primeiro-ministro, tendo chegado à presidência em 2014 e se mantido nela desde então. Ele foi reeleito em 2023. 

Os curdos representam uma minoria na Turquia, girando em torno de 20% de sua população. A oposição a eles faz parte da agenda do governante.

Quem são os jornalistas turcos condenados 

Os jornalistas alvo do processo haviam sido presos em uma operação policial antiterror em várias cidades turcas –  Ancara, İstanbul, Van, Diyarbakır, Şanlıurfa, Mersin e Mardin –  envolvendo buscas em redações e nas residências dos profissionais.

Nenhum dos jornalistas compareceu ao julgamento. Eles foram representados por seus advogados.

O tribunal considerou que a editora da agência de notícias Mezopotamya, Diren Yurtsever; os repórteres Berivan Altan , Deniz Nazlım , Emrullah Acar, Hakan Yalçın, Salman Güzelyüz e Zemo Ağgöz Yiğitsoy, e o jornalista freelancer Öznur Değer são culpados de serem membros do ilegal Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK), que a Turquia designou como uma organização terrorista.

O tribunal absolveu o repórter da Mezopotamya Ceylan Şahinli, o repórter do JİNNEWS Ümmü Habibe Eren e o ex-estagiário de reportagem da Mezopotamya Mehmet Günhan.

O Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ) protestou contra o veredito. 

“Autoridades turcas acusaram um grupo de jornalistas curdos de filiação a uma organização terrorista sem apresentar nenhuma evidência sólida para respaldar suas acusações. Ainda assim, de alguma forma consideraram oito deles culpados”, disse Özgür Öğret, representante do CPJ na Turquia.

Segundo o site turco Bianet, Resul Temur, advogado dos jornalistas, afirmou que a investigação do processo foi aberta com base em informações de inteligência, mas não havia nenhum documento a respeito dessas investigações no processo, baseado em depoimentos de testemunhas secretas.

O advogado apontou ainda que a promotoria tentou desqualificar os profissionais como jornalistas, o que foi respondido com provas: mais de 110 mil notícias publicadas pela Mezopotamya. No processo, eles foram chamados de “supostos jornalistas”.

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