Londres – Jornalistas de um dos maiores grupos de mídia australianos, o Nine Entertainment, entrarem em greve nesta sexta-feira (26) antes da abertura das Olimpíadas de Paris, usando o símbolo da tocha como bandeira de protesto. 

O Nine tem entre suas empresas a Nine Radio e a Nine Network Television, emissora oficial dos jogos, e enviou cerca de 200 funcionários a Paris para cobrir a competição. A rede admitiu em nota que a cobertura está sendo afetada pelo movimento.  

“Don’t torch jornalism” (não incendeie o jornalismo, em tradução livre) foi o tema da paralisação dos profissionais do grupo, também dono dos jornais The Sydney Morning Herald, The Age, The Australian Financial Review, Brisbane Times e WAtoday. 

Os jornalistas do Nine recusaram aumento salarial de 3% a 4% nos próximos três anos. O sindicato Media, Entertainment and Arts Alliance da divisão editorial da Nine exigem 20% ao longo de três anos.

Eles pedem ainda “compromisso com a diversidade no local de trabalho, salvaguardas em torno da IA ​​e um acordo justo para freelancers”, segundo nota do sindicato no Twitter / X. 

O CEO do Channel Nine, Mike Sneesby, foi confrontado em Paris por um repórter da rede concorrente Seven quando deixava o hotel em que está hospedado. 

CEO do Nine, grupo de mídia da Austrália cujos profissionais entraram em greve no primeiro dia das Olimpíadas de Paris
Reprodução

O repórter perguntou se ele achava correto se hospedar em um hotel de luxo enquanto jornalistas eram demitidos.

Em Melbourne, jornalistas do grupo deixaram a redação e fizeram um protesto diante do prédio contra a recusa em conceder o aumento e contra a demissão de funcionários. 

Broede Carmody, repórter política do The Age, questionou o tamanho da delegação olímpica da Nine: 

‘Quantos empregos poderiam ter sido salvos se essa empresa não tivesse levado para Paris profissionais de TV não relacionados às Olimpíadas e os hospedado em hotéis de luxo que custam US$ 1.000 por noite?’

A Nine disse em um comunicado que a empresa “reconhece os direitos dos sindicatos de tomarem medidas trabalhistas, mas acredita que retornar à mesa de negociações é a melhor maneira de fazer a empresa progredir”.