Londres – Embora Paris 2024 esteja sendo festejada como a primeira Olimpíada  com paridade de gênero em 128 anos de história da competição, a forma como mulheres atletas são retratadas pela imprensa esportiva tornou-se objeto de uma atualização nas diretrizes do Olympic Broadcasting Services (OBS).

Dois dias após a abertura oficial dos Jogos Olímpicos, o chefe do serviço oficial de transmissão de imagens do Comitê Olímpico Internacional, Yannnis Exarchos, disse à imprensa em Paris que solicitou aos operadores de câmera para não filmarem atletas de forma que estereótipos sejam perpetuados.

As imagens capturadas pelo OBS são distribuídas para o mundo inteiro por meio de emissoras que detém os direitos de exibição das Olimpíadas.

‘Mulheres estão em Paris 2024 por serem atletas’

Exharchos salientou que as mulheres estão lá porque são atletas de elite, e não por serem atraentes. 

Ele admitiu que o problema de retratá-las de forma sexista deve-se ao preconceito inconsciente dos cinegrafistas, levando-os a dar mais ênfase a closes se for uma competidora. 

Como jornalistas e técnicas são minoria na cobertura esportiva das Olimpíadas – refletindo o que acontece no jornalismo esportivo em geral – , esse preconceito acaba se infiltrando mais facilmente. 

Em 2018 a entidade publicou diretrizes para aumentar a conscientização e exigir representação justa e igualitária de gênero de esportistas em todas as formas de mídia e comunicação e desde então vem atualizando a política. 

“Historicamente, a cobertura esportiva frequentemente destaca características não esportivas de esportistas femininas, como sua aparência física e vida pessoal, em vez de suas conquistas atléticas. As Diretrizes de Retrato do COI visam abordar essas disparidades, garantindo que o esporte feminino receba visibilidade igual, e que atletas femininas sejam celebradas pelos seus feitos esportivos”, diz o COI 

Paridade de gênero longe do jornalismo esportivo

A paridade de gênero alcançada em Paris 2024 – metade dos atletas são homens e metade mulheres – não chegou à cobertura, problema reconhecido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). 

Segundo o COI, apenas 22% dos jornalistas credenciados em Tóquio 2020 eram mulheres, ilustrando como elas são sub-representadas na mídia esportiva. 

O Olympic Broadcasting Services disse que elevou a participação de comentaristas esportivas para quase 40% este ano, com 35 mulheres de um total de 92 cargos, mas o número diz respeito apenas à sua própria equipe. 

O OBS disse também que treinou mais de 70 operadoras de câmera antes de Paris 2024 para garantir que as mulheres tenham oportunidades iguais de desenvolver suas habilidades de transmissão, com 25 delas escaladas para trabalhar nas Olimpíadas deste ano.