Londres – Uma das maiores celebridades da história da mídia britânica, o ex-apresentador da BBC Huw Edwards, admitiu na manhã de hoje em um tribunal de Londres a posse no WhatsApp de 41 fotos indecentes de crianças, algumas com 7 e 8 anos, um ano depois de ter sido acusado pelo jornal tabloide The Sun de ter pago a uma pessoa menor de idade para obter dela imagens pornográficas.

Edwards, de 62 anos, é uma personalidade que faz parte da vida dos britânicos há 40 anos, tendo narrado eventos históricos como eleições nacionais e o funeral da rainha Elizabeth I

Na segunda-feira (29), a Polícia Metropolitana de Londres informou que havia indicado o apresentador e que ele compareceria à Corte de Magistrados de Westminster hoje. A força revelou ainda que ele chegou a ser preso em novembro do ano passado e libertado mediante pagamento de fiança. 

Ex-apresentador da BBC responde a três acusações por fotos de crianças 

O caso é mais um baque na reputação da BBC, afetada por diversos escândalos recentes. O apresentador ficou em licença médica desde julho do ano passado, mas ainda assim recebeu salário integral até abril, quando deixou a empresa. 

Segundo a Polícia, as acusações admitidas por Edwards não estão relacionadas à denúncia feita há um ano atrás. 

O ex-apresentador da BBC admitiu no tribunal que conversou pelo WhatsApp com um homem que lhe enviou 377 imagens sexuais, 41 das quais eram de menores de 18 anos, entre dezembro de 2020 e agosto de 2021. Nesse momento ele teria pedido à pessoa para não mais enviar as fotos. 

O advogado do ex-apresentador da BBC, Philip Evans disse que não havia “nenhuma sugestão de que Edwards tenha, no sentido tradicional da palavra, criado qualquer tipo de imagem de crianças”. O advogado acrescentou que ele não as comparitlhou. 

No entanto, o crime de “fazer imagens indecentes de crianças” pode se referir a quem as produz ou apenas as recebe, mesmo que sem solicitar. 

Sete das imagens ilegais foram classificadas como categoria A, a classificação mais severa de imagens indecentes de crianças sob a lei inglesa. Doze das imagens eram da categoria B e outras 22 imagens eram da categoria C.

As penas somadas poderiam chegar a 10 anos, mas há atenuantes como o bom histórico e problemas anteriores de saúde mental.  

Um porta-voz da BBC disse que a corporação ficou “chocada” ao ouvir as declarações feitas no tribunal nesta quarta-feira e que Huw Edwards não trabalhava mais na empresa quando foi acusado, tendo renunciado dois meses antes.

Mas ele  lidera a lista dos dos âncoras mais bem pagos da emissora em 2023, conforme relatório divulgado na semana passada. 

Entenda o caso do ex-apresentador da BBC 

Huw Edwards era um dos âncoras mais importantes da BBC e recebia um salário anual de £ 435 mil (R$ 2,7 milhões). Ele ancorava o noticiário noturno, BBC News at Ten, e grandes acontecimentos nacionais. 

A história das fotos que começou a derrubar o apresentador foi revelada pelo jornal The Sun há um ano e desde o início esteve envolta em contradições.

Inicialmente o nome do âncora envolvido não foi informado pelo tabloide, o que deu origem a uma série de especulações, com outros jornalistas acusados tendo que se defender. 

Segundo o jornal, Edwards teria pago pelas fotos durante três anos. No entanto, na época não havia confirmação, pelo menos pública, de que as fotos teriam sido enviadas quando a pessoa era menor de idade, nem as circunstâncias em que isso teria ocorrido. 

O advogado da suposta vítima negou as acusações feitas pela mãe, afirmando que não houve nada ilegal. E a polícia não abriu uma investigação formal depois de um encontro com a BBC para tomar conhecimento dos fatos, por não haver naquele momento indício de crime. 

Tão logo o nome de Huw Edwards foi divulgado como a pessoa envolvida no caso das fotos, a mulher dele, Vicky Flind, disse em um comunicado que ele estava sob sério abalo emocional e hospitalizado, sem previsão de aparecer em público, e pediu privacidade para a família. 

Huw está sofrendo de sérios problemas de saúde mental. Como bem documentado, ele foi tratado para depressão grave nos últimos anos.

Após a história se tornar pública, a BBC suspendeu Edwards e disse que “leva qualquer alegação a sério” e tinha “processos internos robustos para lidar proativamente com tais alegações”.

Mas a rede foi questionada por sua condução do caso, já que tomou conhecimento dos fatos em maio e o apresentador continuou no ar, e por ter pago o salário integral dele até o desligamento, em abril deste ano.