Londres – Variações da frase “tudo bem não estar bem” aparecem em filmes, livros e campanhas de bem-estar emocional, mas uma campanha feita por uma coalizão de organizações dedicadas à saúde mental no Reino Unido, lançada em março, foi além.
Ao acrescentar a palavra “se” à frase já meio desgastada, a ação aborda os medos que pessoas com diagnóstico de doença mental sentem diante de situações como a busca de um emprego ou do simples ato de assumir sua condição médica.
“Se está tudo bem não estar bem, por que eu temo que a minha ansiedade impeça de conseguir o emprego que eu amo?”
A ação das organizações deu voz aos que temem falar sobre o que estão passando.
Os outdoors espalhados por todo o país e os conteúdos para redes sociais foram criados a partir de depoimentos reais.
A preocupação com a vergonha é justificada por uma pesquisa recente com 2 mil britânicos feita pela Mind, uma das organizações à frente da campanha.
- 51% dos entrevistados acreditam que ainda existe vergonha associada à saúde mental
- 56% dos que experimentam problemas mentais relataram sentir vergonha
- 12% ainda acham que pessoas com doenças mentais devem ter vergonha de sua condição
A organização chama a atenção para o impacto da vergonha, que alimenta o estigma e funciona como uma barreira para procurar ajuda.
Os homens demonstram ter níveis mais baixos de conhecimento sobre saúde mental, e são mais propensos a sentir vergonha do que as mulheres.
Eles têm atitudes mais negativas em relação à procura de ajuda e, consequentemente, são os que menos buscam apoio.
Cadê o sorriso do McLanche Feliz?
Em uma campanha para marcar a Semana de Conscientização sobre a Saúde Mental, celebrada entre 13 e 19 de maio no Reino Unido, o McDonald’s removeu temporariamente o sorriso que ilustra milhões de suas caixas do McLanche Feliz no pais e produziu um vídeo dando voz às crianças.
O objetivo foi lembrar que não há problema em não estar feliz o tempo todo, ajudando a estimular conversas familiares sobre emoções e a quebrar o tabu da felicidade obrigatória.
Uma pesquisa encomendada pela empresa revelou que quase metade (48%) das crianças do país sentem que devem estar felizes o tempo todo, mesmo que não estejam se sentindo assim.
Junto com as caixas de edição limitada do McLanche Feliz foram entregues nas lojas folhas de adesivos que mostram uma série de emoções que as crianças vivenciam, permitindo ilustrar seus sentimentos diretamente nas próprias caixas.
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Reportagem Especial MediaTalks – Comunicação, Imprensa, Redes Sociais e a crise da Saúde Mental