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Como evitar o esgotamento na indústria criativa, onde muitas vezes trabalho e diversão se misturam

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Foto:Carrie Allen/Unplash

Agata Lulkowska

Burnout é um estado de exaustão mental e física geralmente relacionado ao trabalho.

Paradoxalmente, quanto mais apaixonado e responsável se é, maior é a probabilidade de esgotamento, pois pessoas assim não querem parar em momentos de sobrecarga e fazer com que os outros assumam suas responsabilidades.

Alguns empregos fogem da rotina típica das nove às cinco, como as carreiras artísticas, criativas ou de pesquisa, que nunca chegam ao ponto em que se pode dizer que se fez tudo o que se precisava durante o dia.

Sempre há outro artigo para escrever, um filme para fazer, um livro para ler ou um quadro para pintar. A pessoa simplesmente não desliga às 17h de sexta-feira.
Em vez disso, segue carregada de ideias e listas de tarefas, mesmo quando esta desempregada.

Isso pode ser estimulante e gratificante, mas ao mesmo tempo requer muita energia e resistência. Os trabalhos criativos também provocam uma sensação de incerteza sobre se as expectativas serão atendidas e se a entrega acontecerá no prazo, o que muitas vezes envolve um componente de sorte.

Gerenciar isso pode consumir muita energia. Mas, de acordo com a psicologa Gloria Mark, autora de Attention Span, há um limite de concentração que uma pessoa pode ter em um determinado momento. E trabalhos criativos não podem ser realizados no piloto automático. É necessário repor as energias para poder continuar e permanecer criativo.

E quando o trabalho que leva ao burnout também dá prazer?

Embora as razões para o esgotamento sejam bastante universais, a recuperação é mais sutil.

O que acontece se houver uma sobreposição entre o que o levou ao esgotamento e o que faz a pessoa relaxar? E se escrever ou produzir conteúdo de vídeo fizer parte do trabalho, mas também for algo que a pessoa adora fazer para se divertir? Como se pode conciliar os dois e encontrar o equilíbrio?

Não há dúvida de que a mesma atividade pode ser uma tarefa assustadora e uma terapia eficaz. O que a torna diferente é o peso da responsabilidade do que você “deve” versus a leveza e o prazer da possibilidade do que você “pode”.

Tem também a ver com suas expectativas pessoais versus expectativas sociais. Sempre que possível, devemos fazer as coisas porque realmente gostamos, movidos por motivações intrínsecas e não por expectativas sociais e promessas externas.

Muitas vezes tudo se resume a proporcionar-se o conforto de desacelerar, um bem raro em nossas ocupadas vidas profissionais.

Escrevendo sobre o excesso de trabalho e a “subsistência”, a jornalista Celeste Headlee atesta os danos que o “culto à eficiência” causou ao nosso bem-estar, substituindo a alegria de se divertir por uma corrida frenética de produtividade sem fim.

No seu revelador livro Do Nothing, Headle oferece uma alternativa inovadora à tirania dos negócios, convidando os leitores a reavaliarem as prioridades e lembrando que as vezes podemos realizar mais fazendo menos.

Ao investir no lazer e ao cultivar a conexão humana genuína, ao saborear o tempo em vez de perseguir inconscientemente os padrões impossíveis de hiperprodutividade, reabastecemos a nossa energia e melhoramos a capacidade de fazer as coisas de forma mais significativa.

Psicologia do fluxo 

A psicologia do fluxo, concebida pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, também enfatiza a importância de eventos não estruturados e muitas vezes não planejados que inspiram a criatividade e levam a um estado de foco e diversão ininterruptos. Mas isto não pode ser forçado e nem sempre é alcançável.

O ponto principal é: ouça seu corpo e sua mente e não ignore os sinais de alerta. Se você se sente constantemente estressado e exausto, é melhor parar antes que seja tarde demais.

Uma pequena pausa pode ser tudo que você precisa para repor energia e motivação. Seguir em frente sem pensar, apenas porque você “precisa”, é muito míope e será um tiro pela culatra.

Desconecte-se e faça coisas que você gosta sem o objetivo de perseguir nada. Não espere nenhum resultado e não se incomode com nenhuma expectativa. Simplesmente aproveite o prazer de fazer as coisas por si só. A vida fica muito mais leve e significativa desta forma.


* Artigo publicado originalmente no portal acadêmico The Conversation UK e republicado sob licença Creative Commons

Reportagem Especial MediaTalks – Comunicação, Imprensa, Redes Sociais e a crise da Saúde Mental

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