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Pesquisa constatou o efeito traumático do atentado de 2017 em Estocolmo sobre jornalistas que participaram da cobertura

Atentado terrorista em Estocolmo, Suécia, em 2017

Estocolmo – Em 2019, dois anos após um atentado terrorista em Estocolmo que chocou a Suécia, um estudo mergulhou a fundo no impacto produzido sobre a saúde mental dos jornalistas que cobriram o acontecimento.

No ataque do dia 7 de abril de 2017, um terrorista islâmico jogou o caminhão que dirigia sobre pessoas que caminhavam na Drottninggatan, uma movimentada artéria central da capital sueca reservada a pedestres.

Cinco pessoas foram mortas, entre elas uma menina de 11 anos. Outras 14 ficaram gravemente feridas.

Jornalistas da Suécia com estresse pós-traumático após atentado

Segundo um estudo realizado pela universidade Abo Akademi, em cooperação com a Federação Nacional dos Jornalistas da Suécia, 13% dos jornalistas que cobriram o atentado Estocolmo desenvolveram graves sintomas do transtorno de estresse pos-traumatico (TEPT).

E o resultado mostrou que apenas 35% deles receberam algum tipo de ajuda por parte dos empregadores, como apoio psicológico individual ou em grupos liderados por especialistas em saúde mental.

O estudo envolveu 230 jornalistas suecos que participaram da cobertura do atentado. 

Para Ulrika Hyllert, presidente da Federação dos Jornalistas, o estudo da Abo Akademi foi significativo para aumentar a compreensão das empresas jornalisticas sobre a importância de garantir o bemestar emocional dos jornalistas que fazem a cobertura de eventos traumáticos.

Presidente da Federação de Jornalistas da Suécia fala sobre efeitos da violência
Ulrika Hyllert
Foto: Tor Johnsson/Journalistförbundet

“Muitos jornalistas se sentem mal após coberturas emocionalmente complexas. Este estudo mostrou claramente a necessidade de as redações reverem o apoio a jornalistas que trabalham em situações de crise.”

Jornalistas empregados mais protegidos contra o trauma 

Klas Backholm, ex-jornalista, doutor em comunicação e pesquisador da Âbo Akademi, diz que o estudo relativo ao caso da Suécia também mostrou que jornalistas com contratos permanentes de trabalho tiveram menos sintomas de transtorno do que os de outros grupos.

Os mais afetados foram os freelancers ou repórteres com contratos temporários de emprego.

“Estudos anteriores também haviam demonstrado que contratos permanentes e estáveis de trabalho são um fator de proteção contra sintomas de estresse após coberturas jornalísticas de eventos de crise.”

Ele destaca que contratos permanentes de trabalho representam, para muitos, maior facilidade de acesso a tratamento médico e maior apoio das chefias de redação.

 

Reportagem Especial MediaTalks – Comunicação, Imprensa, Redes Sociais e a crise da Saúde Mental

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