Londres – A linguagem usada na vida cotidiana e pela mídia é uma das principais pautas da Mind, uma poderosa organização nãogovernamental britânica presente em todo o pais, fonte obrigatória da imprensa em questões ligadas à saúde mental, publicando guias e recomendações para uma representação mais adequada 

Com orçamento anual superior a 45 milhões de libras, a entidade oferece atendimento direto ao público, realiza eventos e campanhas, faz lobby sobre o governo e parlamentares para influenciar políticas públicas e dá consultoria a produções artísticas e à imprensa na abordagem correta do tema.

Em pesquisa realizada pela Mind no Reino Unido, 66% dos entrevistados afirmaram que o público deveria ser mais cuidadoso na forma como fala sobre saúde mental para evitar que as pessoas se sintam chateadas ou envergonhadas.

No entanto, cerca de uma em cada cinco pessoas disse acreditar que “sociopata” (22%), “totalmente TOC” (22%) e “um pouco maluco” (20%) são termos aceitáveis.

“A nossa linguagem pode causar danos não intencionais e reforçar o estigma. Mas quando acertamos, temos o poder de transformar vidas”, diz o guia da Mind, baseado em conversas com pessoas que experimentaram problemas.

Veja as orientações do guia da Mind para falar de Saúde Mental

NÃO SIMPLIFIQUE AS CAUSAS

Uma combinação de fatores pode contribuir para um problema de saúde mental – como perder a casa ou o emprego, dificuldades financeiras, problemas de relacionamento ou de discriminação, incluindo racismo.

Ao abordar saúde mental, evite colocar toda a culpa nos indivíduos, desconsiderando o contexto que pode ter contribuído para os problemas.

RESILIÊNCIA NÃO É PARA TODOS

Alguns pensam que a resiliência ou a capacidade de gerir o estresse é algo ao alcance de todos. Mas isso não é verdade.

É importante considerar fatores que podem dificultar a resiliência ao estresse ou à discriminação que alguém está sentindo se não obtém apoio.

CUIDADO COM HISTÓRIAS DE SUCESSO

Histórias de como as pessoas lidaram ou superaram experiências difíceis podem ser muito poderosas. Mas também podem fazer com que os outros se sintam incapazes. Evite comentários que façam a recuperação parecer fácil ou certa.

LIMPEZA, ARRUMAÇÃO E TOC

Ao falar sobre alguém ser limpo ou gostar das coisas bem arrumadas, evite frases como “um pouco TOC”.

O TOC é um grave problema de saúde mental, com comportamentos obsessivos e compulsivos. É mais complexo do que ser organizado ou gostar de arrumação.

LINGUAGEM POPULAR E GÍRIAS

Evite expressões como ‘maníaco’, ‘louco’, ‘doido’, lunático’ ou ‘psicopata’ ao descrever alguém que está se comportando de maneira negativa ou diferente.

O uso de rótulos de saúde mental para descrever comportamentos banaliza o que é ter um problema mental, aumenta o estigma e pode inibir a busca de apoio.

SUICÍDIO

Evite descrever métodos, e a expressão “cometer suicídio”, que sugere um crime. Não especule sobre motivos, e insira os avisos de conteúdo para prevenir o público sobre o tema da matéria.

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