Estocolmo – O jornalista e autor de livros Lasse Weirup, um dos nomes mais conhecidos da cobertura de crime na Suécia, vive de perto o impacto do aumento na violência de gangues e conta que tem sido deprimente acompanhar a situação.

Repórter especial do jornal Dagens Industri, ele também escreveu seis livros sobre o crime organizado no país.

“A violência tem afetado a sociedade, que se sente cada vez mais insegura. O crime organizado continua a se expandir, e a incapacidade do governo de combater o problema tem sido a questão principal do debate político na Suécia faz anos”, afirma. 

Dentro das principais redações, na avaliação de Weirup, o apoio a jornalistas no que diz respeito à saúde mental vem sendo satisfatório:

“Todas as empresas jornalísticas para as quais trabalhei desde a década de 90, assim como a atual, têm uma boa compreensão sobre a necessidade de apoiar seus jornalistas em termos da preservação de uma boa saúde mental, e sempre atuaram de maneira responsável em relação ao bem-estar de sua equipe.

Nunca soube de nenhum caso de negligência em situações nas quais repórteres e fotógrafos necessitaram de apoio.”

É difícil dizer, segundo ele, em que nível os jornalistas em geral têm sofrido o impacto da cobertura da violência.

Mas ele acredita que o impacto depende em grande parte de como os jornalistas estão envolvidos na cobertura, e até que ponto mergulham a fundo nas investigações.

Pessoalmente, para ele tem sido um desafio:

“É deprimente escrever sobre como garotos, cada vez mais novos, têm sido arrastados para o mundo doentio do tráfico de drogas, dos tiroteios e dos ataques a bomba.

Como todos os suecos, sinto-me fortemente afetado pelo fato de que tantas pessoas inocentes têm sido mortas, tantas outras têm tido suas casas destruídas. E, principalmente, pela sensação crescente de insegurança.”

Apoio para os envolvidos na cobertura de crime na Suécia

Na redação da rádio pública sueca Sveriges Radio, ao ser contactado pelo MediaTalks por telefone, um repórter policial pede para falar sob a condição de anonimato.

Sua fala reflete opinião semelhante à de Lasse Weirup.

“A criminalidade é um fenômeno relativamente recente em nossa sociedade, e todos experimentamos ansiedade e desconforto com essa situação.

Não cheguei ao ponto de me sentir especialmente impactado devido ao meu trabalho.

Mas sei de colegas que também fazem a cobertura das notícias de crime, e que, ao presenciaram cenas chocantes de morte e cadáveres, foram contactados pela chefia, que ofereceu pronto apoio àqueles que necessitassem.”

A mídia sueca tem noticiado exaustivamente os efeitos da onda de violência na sociedade, diz ele.

“Mas não especialmente sobre o que este fenômeno representa em termos da saúde mental da população”, acentua

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Reportagem Especial MediaTalks – Comunicação, Imprensa, Redes Sociais e a crise da Saúde Mental