O jornalista Alejandro Martínez Noguez, que cobria notícias criminais na cidade de Celaya, região central do México, foi assassinado quando dirigia em uma rodovia, apesar de estar acompanhado por guarda-costas devido a ameaças anteriores. 

Celaya, no estado de Guajanato, é uma área conhecida por violentas guerras entre gangues de drogas e onde vários repórteres morreram nos últimos cinco anos, segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ). 

Martínez usava o apelido “El Hijo del Llanero Solitito” (O Filho do Cavaleiro Solitário) em sua página popular no Facebook, com mais de 350 mil seguidores, cobrindo  assuntos locais e crimes na região. 

Jornalista assassinado no México sob proteção desde 2022

Ele estava sob proteção policial desde 2022, depois de uma tentativa de assassinato. 

Mas acabou sendo atingido quando viajava no dia 4 de agosto em um veículo cedido pela Prefeitura, com guarda-costas, após cobrir o atropelamento de um homem por um caminhão no município vizinho de Villagrán.

Noguez chegou a ser levado a um hospital de Celaya, mas morreu enquanto recebia atendimento médico, segundo a mídia local e organizações de defesa da liberdade de imprensa. 

Dois policiais que o protegiam teriam ficado feridos, de acordo com as mesmas fontes. 

O programa de proteção a jornalistas 

O México criou em 20212 o Mecanismo de Proteção de Defensores dos Direitos Humanos e Jornalistas, mas o programa vem sendo fortemente criticado por organizações de liberdade de imprensa por falhas que vão da proteção adequada ao incluídos nele à recusa em admitir profissionais de imprensa que pedem ajuda após ameaças. 

Em junho, o governo pediu desculpas à família de Gustavo Sanchéz Cabrera, morto há três anos depois de passar 13 meses tentando obter proteção. 

Oito jornalistas foram mortos enquanto estavam inscritos no programa nos últimos sete anos, segundo relatório conjunto da Anistia Internacional e do Comitê para a Proteção de Jornalistas, publicado em março.

“O Mecanismo continua a ser uma parte crucial dos esforços do governo no México para tornar o país um lugar mais seguro para jornalistas, mas só pode cumprir esse papel se abordar suas próprias falhas adequadamente”, disse Jan-Albert Hootsen, representante do CPJ no México.

“Após anos de derramamento de sangue incessante e impunidade corrosiva, agora é a hora de o Estado mexicano agir e mostrar que está finalmente disposto a levar suas obrigações em relação à liberdade de imprensa a sério.”

Nova presidente do México e a violência contra jornalistas 

A presidente eleita do México, Claudia Shinbaum, que toma posse em outubro, comprometeu-se com medidas para reverter a violência histórica contra a imprensa no México, país do Hemisfério Ocidental mais perigoso para jornalsitas, de acordo com o CPJ.

 Desde a virada do século, pelo menos 141 jornalistas e outros profissionais da mídia foram mortos, segundo os registros do Comitê. 

Pelo menos 61 desses assassinatos foram considerados diretamente relacionados ao trabalho, mas muitos casos não foram devidamente investigados e seguem impunes.