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O manual de cobertura de suicídio da SVT, a emissora de TV estatal sueca: equilíbrio entre interesse público e respeito à família

Microfone em fundo roxo

Foto: Iliass Seddoug / Unsplash

Estocolomo – Em 2022, a direção de jornalismo da empresa pública de comunicação SVT decidiu dar um passo para quebrar o tabu em torno da forma de noticiar suicídios: procurou o especialista em prevenção Ullakarin Nyberg e o Ombudsman da Mídia da Suécia para iniciar uma discussão sobre como abordar melhor a questão na mídia.

Até então o público não era claramente informado sobre a causa da morte em muitos casos noticiados, embora fosse mais ou menos evidente que se tratava de suicídio.

Noticiar significaria uma intromissão na vida particular de uma pessoa, e um desrespeito ao sentimento dos familiares? Poderia estimular outras pessoas a tirarem a própria vida?

Como resultado das consultas, foi divulgado na página oficial do Ombudsman da Midia um manual com diretrizes gerais, a partir de uma premissa central: a cobertura de casos de suicidio deve ser feita de maneira cuidadosa, o que não significa não noticiar estes episódios.

Veja as principais diretrizes do manual para guiar a cobertura de suicídios

Interesse público

Se é de interesse público noticiar um suicídio, e se familiares da vitima não se manifestarem de forma contrária, o caso deve ser noticiado.
Mas sempre levando-se em consideração a integridade da vitima e de seus familiares.

Descrição de métodos

Deve-se evitar descrever de que forma o suicídio ocorreu. O método adotado pode inspirar pessoas propensas ao suicidio a adotarem a mesma prática. No entanto, ler uma noticia sobre suicídio não torna as pessoas mais propensas a cometer  suicídio.

“Escolha”

Deve-se evitar escrever que alguém “escolheu” tirar a própria vida. A formulação “tirou a própria vida” é mais adequada, uma vez que o suicídio não é uma escolha racional, e sim um ato deflagrado por um impulso em um momento de desespero.

Familiares

É legitimo dar voz a familiares de pessoas que tiraram a própria vida. Isto pode contribuir para a prevenção, uma vez que o sofrimento das pessoas mais próximas é um fator que pesa na decisão de muitas pessoas propensas ao suicídio.

Especulações

Deve-se evitar especular ou citar especulações de terceiros sobre o motivo que levou a um suicídio. Cada episódio de suicidio é um caso complexo, e por isso é preciso evitar generalizações.

Ajuda psicológica

É  importante, ao noticiar um suicídio, ressaltar sempre a possibilidade de se obter ajuda psicológica em casos de instabilidade emocional.

 

Reportagem Especial MediaTalks – Comunicação, Imprensa, Redes Sociais e a crise da Saúde Mental

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