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É preciso tirar o sofá da sala e proibir smartphones ou uso de redes para proteger a saúde mental dos jovens?

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(Foto: Mart Production/Pexels)

Londres – O alarme sobre os riscos das redes sociais para a saúde mental de jovens foi dado em 2021 pela ex-gerente do então Facebook, Frances Haugen, caso conhecido como “Facebook Papers”. Um ano depois da crise de imagem, a empresa mudou o nome para Meta.

Entre os documentos vazados estavam pesquisas internas em que meninas usuárias do Instagram admitiam desconforto com o corpo, sensação que piorava após usar a rede social.

Desde então as redes nunca mais sairam do alvo de ONGs de apoio a crianças e de pais cujos filhos foram vitimas de violência, automutilação ou suicídio, colocando em questão o empenho das plataformas em proteger jovens de conteúdo nocivo para a saúde mental e de assediadores online.

O cyberbullying é outra preocupação crescente. Uma pesquisa da OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgada em março revelou que uma em cada seis crianças em idade escolar na Europa é alvo.

O problema é uma das principais causas de suicídio infantil. Em janeiro tornou-se crime no Brasil, assim como em outros países.

Em junho, a principal autoridade médica dos EUA pediu a inclusão de um rótulo de advertência sobre os riscos das redes para os jovens.

A solução é retirar o sofá da sala, proibindo celulares ou redes sociais para jovens?

Muitos discordam. O britânico Ian Russel é um deles.

Russel ficou tristemente famoso quando sua filha Molly tirou a própria vida aos 14 anos, em 2018, após acessar conteúdo sobre suicídio.

Ian Russel (divulgação / Fundação Molly Rose)

Ele transformou a dor em ação, criando a Fundação Molly Rose, contra o suicídio infantil.

E assumiu o protagonismo do debate sobre efeitos das mídias digitais na saúde mental de jovens, tendo sido condecorado como MBE (Member of The Order of the British Empire) por seu trabalho em prol da segurança infantil

Em parte como resultado de seu empenho, o Reino Unido aprovou em 2023 a Online Harm Bill, regulamentação de redes sociais fundamentada na proteção a crianças e vulneráveis, ainda em fase de implementação.

Mas políticos gostam de agradar as massas em ano eleitoral. Antes dos dispositivos da lei entrarem em vigor, o governo do Partido Conservador anunciou planos de proibir a venda de smartphones a menores de 16 anos e aumentar a idade mínima para usar redes sociais também para 16 anos.

Essas restrições resolvem? O pai de Molly acha que não. Ele foi um dos que reagiu negativamente às duas propostas, que entrarão em consulta pública.

“A melhor solução para proteger os jovens de danos físicos e mentais é uma regulamentação de segurança online mais forte e mais ambiciosa”, defende.

Reportagem Especial MediaTalks – Comunicação, Imprensa, Redes Sociais e a crise da Saúde Mental

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