O Dia Mundial da Fotografia, 19 de agosto, celebra todas os gêneros de registro de imagens desde que o então revolucionário daguerreótipo foi apresentado em 1839 na Academia de Ciências da França – e um dos mais transformadores é o fotojornalismo.
Fotógrafos profissionais dotados de equipamentos sofisticados, coragem para enfrentar guerras e lugares inóspitos, faro para notícias e sensibilidade para questões sociais contemporâneas são responsáveis por imagens de alto impacto, capazes até de mudar os rumos da história.
Conheça algumas das fotos premiadas em importantes concursos de fotojornalismo em 2024, incluindo a do brasileiro Lalo de Almeida, que ficou em primeiro lugar no World Press Photo América do Sul com um registro da seca Amazônia.
Almeida, da Folha de S.Paulo, já recebeu diversos prêmios, como a medalha de ouro no Maria Moors Cabot pela sua contribuição ao fotojornalismo.
A imagem reconhecida pelo júri do World Press Photo retrata um pescador solitário caminhando no leito de um afluente do rio Amazonas em Tefé, representando visualmente a extensão da maior seca já vista na região.
Em 2022, Lalo de Almeida foi premiado no World Press Photo na categoria Projetos de Longo Prazo com Distopia Amazônica, em que documentou ao longo de 12 anos os efeitos sociais, políticos e ambientais do desmatamento, mineração e exploração de recursos naturais na região.
Veja outras imagens que merecem destaque no Dia Mundial da Fotografia
O fotógrafo palestino Mohammed Salem foi o grande vencedor do World Press Photo 2024, na categoria foto única.
Ele fez um dos mais impressionantes registros da guerra entre o Hamas e Israel: o abraço de Inas Abu Maamar ao corpo da sobrinha de cinco anos morta em um ataque israelense, junto com a mãe e a irmã.
A guerra da Ucrânia perdeu visibilidade após o conflito de Gaza, mas continua a provocar perdas e sofrimento, como mostra a vencedora do World Press Photo na categoria Formato Aberto.
Em “Guerra é pessoal”, a fotojornalista ucraniana Julia Kochetova reuniu o fotojornalismo com o estilo de documentário pessoal de um diário para mostrar ao mundo como é viver em guerra. O projeto combina imagens fotográficas com poesia, clipes de áudio e música em colaboração com um ilustrador e DJ.
O vencedor do Word Press Photo 2024 na categoria Projeto de Longo Prazo acompanhou com um olhar muito pessoal o drama dos migrantes.
Com base na própria experiência de migração da sua Venezuela natal para o México em 2017, o fotógrafo Alejandro Cegarra (New York Times/Bloomberg) iniciou este projeto em 2018. O júri considerou que a própria posição deste fotógrafo como migrante proporcionou uma perspectiva sensível centrada no ser humano.
O prêmio de Série do Ano no concurso de fotografia World Photo Contest foi para Lee-Ann Olwage, da África do Sul. Ela documentou a jornada de Paul Rakotozandriny, ‘Dada Paul’, de 91 anos, que vive com demência há 11 anos e é cuidado por sua filha Fara Rafaraniriana.
Durante nove anos, ninguém sabia que Dada Paul estava doente. Os seus dez filhos presumiram que ele tinha “enlouquecido” ou atribuíram os sintomas ao consumo excessivo de álcool. Apenas sua filha Fara percebeu algo diferente quando seu pai, um motorista aposentado, não conseguiu encontrar o caminho de casa depois de um dia buscá-la no trabalho.
Ela nunca tinha ouvido falar dos termos “demência” ou Alzheimer, mas foi aconselhada a contactar uma organização que fornece apoio e formação a familiares de pessoas que vivem com demência.
Nesta foto, Dada Paul aparece preparando-se para ir à igreja com a neta.
Sony Photo Awards: fotos retratam esterilização forçada de mulheres na Groelândia
Outro importante concurso que reconhece os melhores trabalhos em fotojornlismo é o Sony Photo Awards, que tem uma categoria dedicada a esse gênero da fotografia.
A vencedora deste ano foi a francesa Juliette Pavy, que retratou a violência contra as mulheres na Groelândia com a série “Spiralkampagnen: Contracepção forçada e esterilização não intencional”.
O projeto explora o impacto da campanha de controle de natalidade liderada pela Dinamarca entre 1966 e 1975. Milhares de dispositivos intrauterinos foram implantados em mulheres inuits, algumas com apenas 12 anos de idade, sem seu consentimento.
A fotógrafa disse: “Espero com esse trabalho dar voz àquelas que foram silenciadas por quase meio século”.
Prêmio Pulitzer de fotojornalismo
O Pulitzer, que desde 1917 reconhece anualmente os melhores trabalhos jornalísticos e literários dos EUA, tem duas categorias dedicadas ao fotojornalismo, e este ano premiou cenas de guerra e de imigração.
Fotografia ‘breaking news’
Equipe de fotografia da Reuters, por imagens “cruas e urgentes” que documentam o ataque de 7 de outubro em Israel pelo Hamas e as primeiras semanas do ataque de Israel a Gaza.
Fotografia documental
Equipe de fotografia da Associated Press, por fotoscomoventes narrando massas sem precedentes de migrantes e sua árdua jornada do norte da Colômbia até a fronteira dos Estados Unidos.
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