Londres – Em mais um caso denunciado por organizações de liberdade de imprensa como ataque deliberado de forças militares de Israel contra a imprensa palestina, o jornalista Ibrahim Muhareb foi morto e a fotojornalista Salma al-Qaddoumi foi ferida em Gaza quando um tanque israelense disparou contra o local em que estavam fazendo uma cobertura.
Segundo a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), os dois estavam identificados com coletes e faziam parte de um grupo de jornalistas que foi a Khan Yunis, no centro da Faixa de Gaza, em 18 de agosto, para acompanhar uma operação do exército israelense.
Por volta das 19h um tanque abriu fogo contra o grupo. Al-Qaddoumi sofreu um ferimento nas costas mas sobreviveu. Muhareb, de 26 anos, não teve a mesma sorte.
Ele foi atingido e não pôde ser socorrido porque os disparos continaram. Colegas encontraram seu corpo na manhã seguinte.
Um vídeo filmado pelo fotojornalista Ezzedine Muasher e publicado em sua conta do Instagram mostra um tanque se aproximando no final de uma rua em frente ao grupo.
O tanque abre fogo, enquanto Muasher e um grupo de colegas jornalistas — todos vestindo coletes com a palavra “PRESS” — começaram a correr para se proteger. Ele chega a perguntar pelo colega ferido e faz uma prece.
“É um milagre termos sobrevivido”, disse.
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Quem são os jornalistas atingidos em Gaza
Al-Qaddoumi é uma fotojornalista freelancer que, de acordo com informações da RSF, estava trabalhando para agências de notícias internacionais, incluindo a Agence France-Presse .
Muhareb era um freelancer baseado em Gaza trabalhando para o site de notícias palestino PDN.
Segundo a RSF, mais de 130 jornalistas morreram na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, incluindo pelo menos 30 a serviço, enquanto dezenas de outros ficaram feridos.
O enclave sitiado continua fechado para a mídia internacional, apesar dos repetidos apelos de organizações de liberdade de imprensa e empresas globais de mídia para que as fronteiras sejam abertas a jornalistas que desejam sair ou entrar.
“Condenamos os ataques repetidos contra jornalistas pelo exército israelense. A comunidade internacional deve pressionar Israel para parar esta carnificina. Acabar com a impunidade para esses crimes também é essencial.
Apresentaremos uma nova queixa ao Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra contra jornalistas.”
A RSF já apresentou três queixas ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, acusando as forças israelenses de cometer crimes de guerra contra jornalistas desde 7 de outubro de 2023. A promotoria do TPI disse que crimes contra jornalistas em Gaza estão sendo incluídos em sua investigação.
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