A Academia de Ciências da Califórnia anunciou os vencedores de seu prêmio de fotos da natureza BigPicture. O vencedor geral foi Jaime Rojo, do México, com um olhar inspirador sobre um fenômeno frágil: bandos de borboletas-monarcas (Danaus plexippus) dormindo agrupadas sobre as árvores, cansadas após terem feito a migração de 3 mil milhas do Canadá e Estados Unidos para o México.
Durante oito meses elas descansam na Reserva da Biosfera da borboleta-monarca, se reproduzem – cinco gerações nascerão e morrerão no período – e se preparam para a volta. Visões como essa podem se tornar raras no futuro devido às mudanças climáticas, desmatamento, uso de pesticidas e desaparecimento da serralha, a única planta na qual a monarca põe seus ovos.
Veja as outras fotos de natureza vencedoras nas sete categorias do BigPicture 2024
“O que você fotografou?” O prêmio BigPicture – Natural World Photography Competition incentiva fotógrafos do mundo todo a compartilharem registros que ilustrem a rica diversidade da vida na Terra e inspirem ações para protegê-la e conservá-la por meio do poder das imagens.
As imagens vencedoras são exibidas em uma das mais prestigiadas instituições científicas do mundo, em São Francisco (EUA.) Veja as vencedoras e finalistas de 2024.
Vida Alada | Harmonia e caos subaquáticos, por Franco Banfi, Ilhas Shetland, Escócia
Apesar de serem quase tão grandes quanto albatrozes, com envergadura de quase dois metros de comprimento, os gansos-patola (Morus bassanus) retratados na imagem escolhida pelo júri do prêmio de fotos da natureza BigPicture são mergulhadores muito ágeis. Eles devem tudo aos seus olhos muito aguçados e estruturalmente adaptados ao mergulho, permitindo que sejam caçadores hábeis.
Essas aves podem mergulhar até 22 metros de profundidade em busca de alimento, pescando suas presas no ar e capturando-as com um mergulho em grande velocidade.
Vida Aquática | Migração de girino, por Shane Gross, Ilha de Vancouver, Canadá
Esses girinos de sapo ocidental (Anaxyrus boreas) migram todos os dias em massa das partes mais profundas deste lago para as águas rasas iluminadas pelo sol para se alimentar de algas.
Embora menos seguros do que estariam no fundo do lago, os girinos não se intimidaram diante da câmera e permitiram que o fotógrafo chegasse bem perto.
Vida Selvagem Terrestre | Beleza do deserto de Thar, por Hema Palan, Deserto de Thar, Rajastão, Índia
A imagem vencedora do prêmio BigPicture na categoria Vida Selvagem Terrestre mostra uma cobra de areia afro-asiática (Psammophis schokari) aninhando-se dentro de um arbusto Phog (Calligonum polygonoides) ameaçado de extinção no deserto de Thar.
Esse predador de hábitos diurnos provavelmente estava descansando no arbusto durante a noite, perfeitamente camuflado graças ao seu corpo fino e marrom.
Paisagens, paisagens aquáticas e flora | Celebração, por Geo Cloete, Península do Cabo, África do Sul
A foto mostra o papel do movimento das ondas na vida das anêmonas-da-areia (Bunodactis reynaudi). Nativas da costa sul-africana, as anêmonas arenosas são frequentemente vistas reunidas como na foto, dependendo das ações das marés e das ondas para se alimentarem.
Elas usam seus fortes músculos esfincterianos para agarrar os alimentos que passam. Somente quando há probabilidade de alimentação é que elas se abrem e exibem suas lindas e variadas cores.
Arte da Natureza | Floresta de poeira estelar, por Kazuaki Koseki, Yamagata, Japão
Todo verão, milhares de visitantes viajam ao Japão para testemunhar as incríveis luzes do Himebotaru. Esses vaga-lumes japoneses (Luciola parvula) são endêmicos do Japão, embora membros de sua família sejam encontrados na Ásia, África e Europa.
Depois de estudar esses vaga-lumes durante anos, o fotógrafo decidiu registrar suas luzes, o que resultou nesse imagem mágica.
Natureza Humana | Fogo bom, por Maddy Rifka, Terras Ancestrais Yurok, Condado de Humboldt, Califórnia
Os incêndios florestais na Califórnia lembram devastação. Mas nem sempre foi assim. Até o século 20, os raios garantiam queimadas naturais e as comunidades indígenas usvam o fogo de forma intencional para o manejo da terra, preparando-a para os incêndios florestais.
Devido às restrições federais contra incêndios, comunidades indígenas como as do rio Klamath (incluindo as tribos Yurok, Karuk e Hoopa) viram sua capacidade de manejar as terras com fogo como faziam seus ancestrais ser sufocada como seus ancestrais fizeram. Eles agora estão reivindicando seu direito de queimar.
A imagem mostra um membro da tribo Hoopa Valley, Steven Saiz, fazendo uma queima cultural com o Conselho Cultural de Gestão do Fogo. Essas queimadas não promovem apenas o renascimento cultural, mas também ecológico, pois revigoram a saúde das florestas, da vegetação e dos animais.
Série fotográfica| Fantasmas do Norte , por Peter Mather, Alasca, Estados Unidos e Norte do Canadá
Os ecossistemas do Hemisfério Norte são muito parecidos com os desertos, pitorescos e resilientes, mas em constante mudança devido às alterações climáticas e à industrialização. Por fazerem parte de populações reduzidas, os animais que habitam estas áreas raramente são vistos ou ouvidos, como fantasmas.
Usando armadilhas fotográficas e longas exposições, o fotógrafo Peter Mather registrou imagens raras de ursos, renas, raposas árticas e lobos em um cenário austero e gelado. E embora estes sejam vislumbres fugazes captados num piscar de olhos, a sensação é de que estes animais são mais do que apenas rastros espectrais na neve – são animais selvagens repletos de personalidade.
O fotógrafo passou três anos tentando tirar uma foto como esta. Foram quase 300 dias no total antes de finalmente capturar esta imagem de um urso pardo (Ursus arctos horribilis) com um salmão prateado (Oncorhynchus kisutch) na boca sob a Aurora Boreal na área de Yukon, no norte do Canadá.
Inicialmente o fotógrafo queria capturar fotos de lobos, mas acabou registrando a carcaça de uma rena (Rangifer tarandus), que foi visitada por uma raposa ártica (Vulpes lagopus) semelhante a uma aparição.
Um urso pardo (Ursus arctos horribilis) pesca no lago azul escuro da área de Yukon, no norte do Canadá, com a boca manchada de sangue de um azarado salmão.
Na vila de pescadores da Primeira Nação Champagne-Aishihik, Klukshu, no norte do Canadá, um riacho separa os ursos das pessoas, com os ursos ficando no lado leste e as pessoas no lado oeste. À noite, porém, os ursos sobem o riacho.
Para tentar fazer uma imagem dos ursos, o fotógrafo montou uma câmara ativada por movimento. Uma noite um deles bateu na câmara e a imagem capturada mostra uma cabana aparecendo através de seu corpo, representando perfeitamente o conceito de ursos e pessoas vivendo juntas.
Dois lobos, provavelmente lobos florestais (Canis lupus), afastaram-se da sua matilha que vive perto deste lago congelado na área de Yukon, no norte do Canadá. Esses lobos se acostumaram com a presença do fotógrafo e pareciam mais curiosos e menos tímidos do que os companheiros.
Veja também uma seleção das fotos finalistas do prêmio
Vida Aquática | Pike Place, de Luc Rooman, De Melle Turnhout, Bélgica
Uma das imagens finalistas do concurso de fotos de natureza BigPicture mostra que a beleza pode ser encontrada nos lugares mais inesperados. Um peixe chamado Lucio do Norte (Esox lucius) não é uma espécie candidata a uma foto glamorosa, mas seu brilho verde contrastando com as flores aquáticas vermelhas (red water lilies) resultou em uma bela imagem.
Vida Selvagem Terrestre | Saudações do mago espinhoso, por Jan Pokluda, Morávia, República Checa
Um grilo conhecido por muitos nomes, incluindo grilo predatório e mago com espinhos, o Saga pedo ganha seus muitos apelidos pela maneira ansiosa, mas encantadora, com que balança os membros ao se aproximar de uma presa.
Essa não é a única coisa que o destaca: esses grilos frequentemente praticam o canibalismo de seus filhotes e todos os indivíduos são fêmeas, o que significa que se reproduzem assexuadamente.
Paisagens aquáticas e flora | O Rei dos Vulcões, por Francisco Negroni, Parque Nacional Villarrica, Pucón, Chile
A foto finalista na categoria Paisagens do prêmio BigPicture retrata o momento em que o vulcão Villarrica, um dos mais ativos do Chile, é atingido por um raio.
Qualquer vulcão em erupção tem a capacidade de criar relâmpagos vulcânicos como resultado da eletricidade estática gerada pelas cinzas. Embora as tempestades exijam a colisão de partículas de gelo nas nuvens, os vulcanologistas admitem que as cinzas vulcânicas ultraquentes poderiam conter a água necessária para ajudar a produzir esses relâmpagos.
Natureza humana | Cativo, por Marcus Westberg, China
Centros de resgate de animais, embora bem-intencionados, são bem complicados na realidade. Sem revelar o exato local da foto, o fotógrafo foi convidado pela WWF a visitar um centro de resgate e criação de pandas gigantes (Ailuropoda melanoleuca) na China, e descobriu que muitos deless passavam a maior parte do tempo em pequenas gaiolas.
No entanto isso acontece por uma questão de espaço e não por falta de cuidado com os animais. O fotógrafo achou necessário mostrar estas práticas e questionar se manter animais selvagens em cativeiro é realmente necessário.
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