O jornalista Ariel Grajales Rodas escapou da morte depois de ser baleado várias várias vezes por homens armados não identificados que invadiram sua residência em Villaflores, no estado de Chiapas, um dos mais violentos do México

Segundo a Promotoria Distrital, Grajales foi levado para um hospital e seu estado de saúde é estável. 

O Ministério Público estadual informou que as investigações foram entregues à Procuradoria de Direitos Humanos, por meio da Diretoria de Proteção a Jornalistas e Defensores de Direitos Humanos.

Jornalista que escapou da morte no México escreveu sobre gangues  

Grajales é um premiado jornalista, com mais de 30 anos de experiência na atividade e um perfil profissional parecido com o da maioria de profissionais de imprensa alvo de ataques no México: o jornalismo local.

Seu site, Villafores.com.mx, cobre principalmente notícias locais, incluindo política, crime e segurança na região. 

Horas antes do ataque, o jornalista postou uma mensagem em sua página do Facebook sobre empresas locais sendo extorquidas por gangues criminosas.

“Mesmo em um país atormentado pela violência e impunidade, o ataque contra Ariel Grajales é chocante em sua brutalidade”, disse o representante do Comitê de Proteção a Jornalistas no México, Jan-Albert Hootsen.

“As autoridades em Chiapas devem tomar todas as medidas apropriadas para ajudá-lo a garantir a segurança de sua família e responsabilizar todos os responsáveis.”

Um funcionário do Mecanismo Federal para a Proteção de Defensores dos Direitos Humanos e Jornalistas, que oferece proteção sancionada pelo governo central a jornalistas, disse ao CPJ que o escritório está trabalhando para fornecer proteção a Grajales e sua família.

O mecanismo de proteção  vem sendo criticado pela demora em conceder proteção e por falhas operacionais.

No início de agosto o jornalista Alejandro Martínez Noguez foi baleado e morreu quando dirigia seu carro acompanhado de dois seguranças fornecidos pelo esquema. 

Violência crônica contra jornalistas no México 

O México é a nação do Hemisfério Ocidental mais perigosa para jornalistas, de acordo com o Comitê de Proteção a Jornalistas. 

O país ocupa o 121º lugar entre 180 nações no Global Press Freedom Index 2024 da organização Repórteres Sem Fronteiras, e tem se mantido nos últimos anos entre os primeiros em listas de jornalistas mortos e de impunidade para crimes contra imprensa feitas por diversas organizações. 

Desde a virada do século, pelo menos 141 jornalistas e outros profissionais da mídia foram mortos, segundo os registros do CPJ. 

Pelo menos 61 desses assassinatos foram considerados diretamente relacionados ao trabalho, mas muitos casos não foram devidamente investigados e seguem impunes.

A Federação Internacional de Periodistas repudiou o ataque ao jornalista de Chiapas e instou as autoridades locais e federais a garantirem  a vida e a segurança dos profissionais de imprensa, bem como a “acabar com a impunidade dessas agressões e ataques”