Londres – O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) anunciou que vai processar cinco correspondentes estrangeiros sob alegação de terem cruzado ilegalmente a fronteira russo-ucraniana em Sudzha, na região de Kursk, onde a Ucrânia fez uma forte ofensiva nos últimos dias.
Os alvos são o britânico Nick Paton Walsh, editor de assuntos de Defesa da CNN; as ucranianas Olesya Nikolaevna Borovik e Diana Vladimirovna Butsko e as italianas Stefania Battistini e Simone Traini, da RAI.
Se forem considerados culpados, eles podem podem pegar até cinco anos de prisão. O FSB anunciou que os cinco serão colocados em uma lista internacional de procurados.
“Processar jornalistas estrangeiros para intimidá-los e silenciá-los mostra o desespero da Rússia em controlar a narrativa da guerra além de suas fronteiras”, afirmou Anthony Belanger, Secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ).
O caso das italianas foi o primeiro da série e se transformou em um incidente diplomático entre os dois países. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que convocou o embaixador da Itália em Moscou em relação à travessia da fronteira.
Um comunicado publicado no site do órgão diz:
“Um forte protesto foi expresso ao embaixador em conexão com as ações da equipe de filmagem da emissora estatal italiana de televisão e rádio RAI, que entrou ilegalmente no território da Federação Russa”.
A repórter Stefania Battistini e a cinegrafista Simone Traini fizeram reportagens em Sudzha, a região russa de Kursk, sob escolta militar ucraniana. Elas foram as primeiras a registrar a ofensiva ucraniana na região de Kursk, segundo a IFJ.
A emissora pública italiana RAI exibiu uma reportagem em 14 de agosto mostrando suas correspondentes em um carro na região, dirigido por um militar ucraniano.
Após a transmissão, notícias sobre a abertura de processo contra as duas começaram a circular na mídia estatal russa, levando a RAI a chamá-las de volta para a Itália.
Battistini e Traini chegaram em segurança a Milão no dia 18 de agosto.
Rússia também processa correspondentes da CNN e da mídia ucraniana
Nesta quinta-feira (22) o serviço de segurança russo confirmou a abertura de processo contra o britânico Nick Paton Walsh e contra as ucranianas.
A CNN havia promovido nas redes sociais a entrada de seu correspondente no lado russo em Kursz.
Sua mais recente postagem no Twitter/X foi em 17 de agosto, quando publicou uma imagem de prédios atingidos por bombas com o texto “Sudzha, Kursk: moradores russos se abrigam enquanto a Ucrânia avança”.
As correspondentes ucranianas Olesya Borovik, a serviço da rede de TV My-Ukraina, e Diana Butsko, que estava fazendo reportagens para o site de notícias local Hromadske, também estão sendo processadas com base nas mesmas acusações, segundo a mídia estatal russa.