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Usar o tablet para acalmar as crianças pode torná-las mais ‘pirracentas’ no futuro, mostra estudo

Dois bebês brincando com tablet, prática condenada em estudo que mediu efeito do uso sobre crianças pequenas

Foto: Jelleke Vanooteghem / Unsplash

Londres –  Usar o tablet para acalmar crianças agitadas ou mantê-las ocupadas quando os pais precisam de um tempinho para outras atividades pode não ter tão inofensivo quando parece: uma pesquisa feita no Canadá para avaliar o efeito da prática descobriu que elas podem se tornar muito mais “pirracentas” e dependentes do dispositivo no futuro. 

O estudo da Universidade de Sherbrooke constatou o que os pesquisadores chamaram de “uma conexão preocupante entre o uso de tablets na primeira infância e uma tendência maior para explosões emocionais quando são contrariadas, desafiando nossas suposições sobre o papel da tecnologia no desenvolvimento infantil”.

Para cada 1,15 hora adicional de uso diário de tablet aos 3 anos e meio de idade houve um aumento de 22% nas expressões de raiva e frustração um ano depois. Crianças com registro de mais birras aos 4 anos e meio se revelaram mais propensas a usar tablets por mais 17 minutos por dia do que a média aos cinco anos e meio.

Tablet tem ‘efeito deletério sobre regulação emocional’

As conclusões indicam uma relação bidirecional entre o uso de tablet e a regulação emocional em crianças pequenas, afirma o trabalho, publicado no periódico científico Jama Pediactrics em agosto. 

“O uso de tablets na primeira infância pode contribuir para um ciclo que é deletério para a regulação”, escreveu Caroline Fitzpatrick, autora principal do trabalho, atribuindo esse efeito ao fato de ser uma atividade solitária. 

‘Essa estratégia provavelmente sairá pela culatra a longo prazo, pois pode interferir na capacidade das crianças de desenvolverm mecanismos internos para controlar suas emoções.”

Como foi feito o estudo 

Para chegar aos resultados, os pesquisadores acompanharam 315 crianças da Nova Escócia, Canadá, por um período de dois anos, começando quando as crianças tinham 3 anos e meio. 

Elas passaram em média 6,5 ​​horas por semana – quase uma hora por dia – usando tablets aos 3,5 anos de idade.

Os pais registraram o uso de tablets e a tendência de seus filhos de expressarem raiva ou frustração em três momentos: quando as crianças tinham 3 anos e meio, 4 anos e meio e 5 anos e meio. 

Foi empregado um método estatístico chamado modelo de painel cruzado de interceptação aleatória, pelo qual os pesquisadores observaram como as mudanças em um fator (como o uso de tablets) se relacionaram com as mudanças em outro fator (como explosões emocionais) na mesma criança ao longo do tempo.

Os estudo não levou em conta o tipo de conteúdo que as crianças estavam acessando nos tablets ou o contexto de uso (como se os pais estavam usando tablets com seus filhos). 

Riscos futuros para as crianças

Os pesquisadores sugerem que o uso precoce e frequente de tablets pode interferir nas oportunidades das crianças de aprenderem habilidades de regulação emocional por meio de outras atividades.

Eles também observam que os pais podem estar usando tablets como uma ferramenta para gerenciar comportamentos difíceis, potencialmente criando um ciclo em que o uso de tablets e explosões emocionais se reforçam mutuamente.

O estudo enfatiza a importância dos anos pré-escolares para o desenvolvimento da regulação emocional. E sugere que limitar o uso de tablets e encorajar atividades alternativas pode beneficiar o desenvolvimento emocional das crianças.

“Pais de crianças em idade pré-escolar devem monitorar de perto e limitar o uso de tablets por seus filhos. Os pais também podem envolver as crianças em atividades que ajudem a desenvolver habilidades de regulação emocional, como leitura compartilhada de livros e brincadeiras que estimulem a criatividade”, recomenda Caroline Fitzpatrick. 

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