Londres – Neste domingo começa o Setembro Amarelo, braço brasileiro de uma campanha global de prevenção do suicídio que desde 1994 tem esta cor como símbolo em referência à comovente história de Mike Emme, um jovem americano que tirou a própria vida aos 17 anos.
No funeral de Mike, seus pais distribuíram fitas amarelas em referência a um Ford Mustang 1968 que o filho havia restaurado e onde foi encontrado sem vida, criando assim um poderoso lembrete visual da importância da conscientização sobre a saúde mental que acabou se espalhando pelo mundo.
A iniciativa levou à formação do Programa de Prevenção ao Suicídio Fita Amarela (Yellow Ribbon Suicide Prevention Program), trazido para o Brasil em 2015 por iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em colaboração com o Conselho Federal de Medicina (CFM).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 720 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, com 73% dos casos ocorrendo em países de média e baixa renda.
Ele é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, como Mike Emme.
Mike Emme: a história do Setembro Amarelo
O suicídio de Mike devastou sua família e amigos. Em um bilhete, o jovem disse que não queria que ninguém se culpasse pelo que havia acontecido.
Com o objetivo de honrar sua memória e ajudar a prevenir que outras pessoas passassem pela mesma dor, Dale e Darlene Emme distribuíram as fitas amarelas no funeral do filho acompanhadas de mensagens que incentivavam as pessoas a buscarem ajuda e a falarem abertamente sobre seus sentimentos.
O vídeo conta a história da iniciativa Setembro Amarelo contra o suicídio.
A fita amarela tornou-se um símbolo amplamente reconhecido de prevenção ao suicídio, representando esperança e a importância de oferecer ajuda àqueles que precisam.
O Setembro Amarelo no Brasil
Com o tempo, a ideia da fita amarela influenciou várias campanhas e movimentos ao redor do mundo, incluindo o Setembro Amarelo no Brasil.
O mês foi escolhido para a campanha porque o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio acontece em 10 de setembro.
Desde o seu início, o Setembro Amarelo cresceu significativamente, com várias atividades organizadas em todo o Brasil, como palestras públicas, workshops sobre saúde mental, campanhas na mídia e eventos comunitários.
A visibilidade da campanha ajuda a reduzir o estigma em torno dos problemas de saúde mental e incentivou mais pessoas a buscar ajuda e a falar abertamente sobre suas dificuldades.
O Setembro Amarelo também inspirou iniciativas semelhantes em outros países, contribuindo para um esforço global para enfrentar os desafios da saúde mental e prevenir o suicídio.
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O Mustang Amarelo que inspirou a campanha contra o suicídio
O destino exato do Mustang amarelo original de Mike Emme não é amplamente documentado ou conhecido publicamente.
Após a morte de Mike, o carro continuou a ser um símbolo importante para sua família e para o movimento de prevenção ao suicídio.
Durante muitos anos, o carro foi usado em eventos de conscientização promovidos pelo Yellow Ribbon Suicide Prevention Program, servindo como um poderoso lembrete visual do impacto da perda de Mike e da importância da prevenção do suicídio.
Hoje, o legado de Mike e seu Mustang amarelo vivem por meio do movimento de conscientização sobre a saúde mental e prevenção do suicídio.
O que diz a OMS sobre suicídio
A ligação entre suicídio e transtornos mentais (em particular, depressão e transtornos por uso de álcool) e uma tentativa anterior de suicídio está bem estabelecida em países de alta renda, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
No entanto, alerta a entidade, muitos suicídios acontecem impulsivamente em momentos de crise com uma quebra na capacidade de lidar com o estresse da vida, como problemas financeiros, disputas de relacionamento ou dor e doença crônicas.
Além disso, vivenciar conflitos, desastres, violência, abuso ou perda e uma sensação de isolamento estão fortemente associados ao comportamento suicida.
As taxas de suicídio também são altas entre grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; povos indígenas; pessoas LGBTI e prisioneiros.
O estigma, particularmente em torno de transtornos mentais e suicídio, significa que muitas pessoas que pensam em tirar a própria vida ou que tentaram suicídio não estão buscando ajuda e, portanto, não estão recebendo a ajuda de que precisam, segundo a OMS.
Até o momento, apenas alguns países incluíram a prevenção do suicídio entre suas prioridades de saúde e apenas 38 países relatam ter uma estratégia nacional de prevenção do suicídio.
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