A jornalista cidadã chinesa Zhang Zhan, que passou quatro anos atrás das grades  por sua cobertura independente do surto de Covid-19 e foi solta em maio, está “desaparecida”, com informações não confirmadas pelo governo de que teria sido presa novamente, segundo um meio de comunicação independente local. 

Em um alerta, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) se disse “alarmada” e pediu a mobilização imediata da comunidade diplomática internacional para garantir a segurança da jornalista. 

A organização Women Press Freedom salientou que desde a libertação, em maio, Zhang Zhan tem enfrentado forte vigilância. “Condenamos essa perseguição contínua e exigimos respostas das autoridades chinesas”, afirmou a entidade em nota. 

Jornalista desaparecida na China relatou o drama em Wuhan

Zhang Zhan foi presa pela primeira vez em maio de 2020, enquanto cobria os estágios iniciais do surto de Covid-19 em Wuhan, cidade considerada o epicentro da pandemia do coronavírus.

Advogada que se tornou jornalista cidadã, ela postou mais de 100 vídeos nas redes sociais até ser presa. 

Sete meses depois foi condenada a quatro anos de cadeia por um tribunal de Xangai, sob a acusação de “provocar brigas e problemas”.

Enquanto Zhang Zhan estava atrás das grades, a RSF e outros grupos de defesa da liberdade de imprensa pressionaram por sua libertação e alertaram sobre os maus-tratos aos quais ela vinha sendo submetida.

Nos primeiros meses de detenção, a jornalista quase morreu após fazer uma greve de fome total para protestar contra sua situação. Os agentes da prisão a alimentavam à força por meio de um tubo nasal e às vezes a deixavam algemada por dias.

No dia 13 de maio a pena de quatro anos terminou. Mas passaram-se nove dias até que houvesse a confirmação de que ela havia sido solta, em um vídeo em que apareceu falando baixo e com aparência abatida. 

Nova prisão da jornalista em Xangai 

No dia 1º de setembro, o site de notícias chinês independente Weiquanwang revelou que a jornalista desaparecida estaria detida no Centro de Detenção de Pudong, em Xangai, de acordo com a RSF. 

Ela teria sido capturada pela polícia enquanto viajava para sua cidade natal na província de Shaanxi, no noroeste da China, em 28 de agosto.

Desde então, Zhang Zhan não atendeu o telefone nem atualizou suas contas de mídia social, onde havia retomado as postagens recentemente.

Nenhuma razão oficial foi dada para sua detenção. Mas nas semanas anteriores, ela vinha compartilhando notícias sobre o assédio de outros ativistas na China nas redes sociais.

A jornalista cidadã também viajou para a província de Gansu para persuadir a mãe de um ativista recentemente preso a assinar uma procuração.

“Depois de quatro anos na prisão e vigilância rigorosa desde que deixou o cárcere, está claro que as autoridades chinesas continuam decididas a continuar a punir Zhang Zhan por seu jornalismo independente”, disse Rebeca Vincent, diretora global de campanhas da RSF. 

A China é o país com mais jornalistas e defensores da liberdade de imprensa presos, com pelo menos 120 atualmente atrás das grades.

O país está classificado em 172º lugar entre 180 nações no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024 da RSF .