Reportagem Especial

Saúde Mental e Comunicação 


Como representação adequada e canais de diálogo podem mudar os rumos da crise do bem-estar emocional 

A iniciativa Setembro Amarelo, inspirada no movimento global associado ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio estabelecido pela OMS, foi criada no Brasil em 2015 por iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina, ajudando a transformar a maneira como se fala de saúde mental.  

Suicídio, burnout, ansiedade, depressão, distúrbios alimentares e de sono, síndrome do pânico, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), consumo de substâncias, autismo e mal de Alzheimer têm sido discutidos mais abertamente na imprensa, nas redes sociais, nas corporações, nas famílias e entre amigos, sobretudo depois da crise do coronavírus, que fez disparar o número de pessoas afetadas por problemas de saúde mental - e os registros de pessoas que tiram a própria vida.

Embora a conscientização tenha aumentado, a representação de pessoas afetadas, os canais de ajuda ou a forma de dialogar e escrever sobre questões emocionais, seja por jornalistas, criadores de conteúdo ou pessoas que falam sobre o assunto em suas contas de mídia social, nem sempre são as mais adequadas.

É  vital quebrar o medo, o tabu e o estigma, obstáculos para a busca de ajuda, levando a perdas pessoais, profissionais e da própria vida. 

O papel da imprensa, da comunicação e dos líderes na informação, no combate ao estigma e no incentivo à busca de ajuda, tema do Setembro Amarelo este ano no Brasil

Cuidando de quem informa: o que leva jornalistas, RPs e profissionais da indústria criativa ao burnout e como responder ao desafio

Campanhas e guias mostram como falar e escrever sobre suicídio e saúde mental com sensibilidade e sem estereótipos

Redes sociais: como lidar com efeitos do assédio online e do conteúdo nocivo capaz de levar adultos e crianças ao suicídio?

 

 

 

Campanhas como o Janeiro Branco e o Setembro Amarelo são instrumentos poderosos para a conscientização sobre desafios que fazem parte das metas do Pacto Global da ONU para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: a saúde mental e o combate ao suicídio. 

E que estão cada vez mais associados à agenda ESG, princípios que regem a responsabilidade das empresas perante a sociedade. 

A Lei 14.831/2024, que criou no Brasil o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, é um reflexo da atenção a essa questão historicamente cercada de medo, preconceito e desconhecimento.

A lei incentiva as empresas a assumirem parte da responsabilidade sobre o bem-estar emocional de seus funcionários, adotando medidas de prevenção, mitigação e comunicação.

Mas essa responsabilidade não é apenas das empresas, e sim de toda a sociedade, com a comunicação desempenhando um papel central.

 Nesta reportagem especial, trazemos um olhar internacional, com a colaboração de correspondentes brasileiras em quatro países, sobre como a mídia evoluiu no reconhecimento do problema nas redações, no apoio aos seus profissionais e na abordagem de saúde mental e suicídio na cobertura

Mostramos também como a síndrome do burnout está afetando profissionais do setor, tanto os que estão nas redações quanto os que atuam em comunicação corporativa - e ideias para mudar essa realidade.

Abordamos ainda visões sobre a influência das redes sociais na saúde mental, incluindo a dos profissionais de imprensa e de comunicação, alvo de assédio e sobrecarga.

E compartilhamos ideias de campanhas e guias de linguagem para tratar as condições emocionais e o suicídio de forma sensível, respeitosa e eficiente. 

Saúde Mental e ESG: um elo cada vez mais forte

Embora a descrição clássica dos pilares ESG não inclua o cuidado com a saúde emocional de funcionários, clientes e consumidores como uma obrigação, a tomada de consciência da sociedade fez com que iniciativas para promover o bem-estar mental que muitas vezes leva ao extremo do suicídio entrassem na agenda das corporações, já que demonstram a atenção das companhias com seus públicos.

Uma análise da consultoria Deloitte destaca como os pilares ambiental, social e governança de uma organização podem impactar diretamente a saúde mental de funcionários e da comunidade. 

Entre os exemplos citados estão o combate à discriminação dentro da organização, a promoção de equidade de gênero e a responsabilidade ambiental, já que impactos causados por suas operações podem afetar o bem-estar da comunidade. 

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Claudia Wallin | Suécia

"A antes segura Suécia se transformou em uma espécie de capital europeia do crime organizado: tiroteios e explosões mergulham boa parte da população em um transe coletivo de medo, ansiedade e insegurança, traumatizando jornalistas que cobrem a violência e o público que consome notícias." 

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Fernanda Massaroto | Itália

"As condições de trabalho dos jornalistas, sobretudo dos freelancers, estão deteriorando a saúde emocional dos profissionais de mídia italianos: 87% deles afirmam estar vivendo sob estresse e querem apoio psicológico."

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Eloá Orazem | EUA

"O jornalismo não acaba no ponto final, mas muitos jornalistas nos EUA pensam em colocar um ponto final no jornalismo como profissão, por problemas que vão do esgotamento por excesso de trabalho à polarização e trauma pela cobertura de terrorismo e catástrofes naturais."

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"Luciana Gurgel | Reino Unido

'Cultura do atestado": o perigo de minimizar a saúde mental por conveniência política, como fez o Partido Conservador britânico,  jogando para a torcida durante a campanha eleitoral  e alimentando estereótipos e preconceito." 

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Burnout na imprensa: impacto até sobre a democracia 

 O Reynolds Journalism Institute (RJI), da Universidade de Missouri (EUA) fez um mergulho profundo para entender os motivos para o burnout na imprensa, que coloca os profissionais do setor com a difícil missão de falar sobre temas como suicídio e burnout estando eles próprios vivendo a crise da saúde mental - e encontrar soluções viáveis à luz da realidade da indústria.Os números são impressionantes: 84% dos jornalistas em atividade e 88% dos que desistiram da carreira declararam que foram atingidos pelo burnout.

O RJI salienta que o esgotamento não é apenas um problema pessoal, mas também profissional e social, com potencial de prejudicar a qualidade e a credibilidade do jornalismo e até o seu papel na democracia.

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