Londres – O apresentador russo Dimitri Simes, ex-conselheiro da campanha presidencial de Donald Trump em 2016, e sua mulher, Anastasia Simes, foram acusados de violar sanções dos Estados Unidos em um esquema que envolvia a emissora estatal da Rússia Channel One.

O Departamento divulgou as acusações após uma operação do FBI na casa do casal na Virgínia. Eles estão foragidos, e as autoridades acreditam que estejam na Rússia, segundo a mídia dos EUA.  

Os dois enfrentam acusações de conspiração para violar a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), além de uma acusação de lavagem de dinheiro. Eles podem ser condenados a até 20 anos de prisão por cada crime.

Apresentador da Rússia acusado de violar sanções é cidadão americano 

Dimitri Simes nasceu em Moscou em 1947 e emigrou para os Estados Unidos em 1973, tornando-se cidadão americano. Ele também atuou como conselheiro informal do ex-presidente Richard Nixon e participou de visitas à União Soviética e a países do Bloco Oriental.

Em 1994 ele foi escolhido por Nixon para dirigir o Center for the National Interest, função que desempenhou até sua aposentadoria, em 2022.

Na campanha de Trump à presidência em 2016, Simes ajudou a organizar um discurso de política externa, no qual o então candidato defendeu maior cooperação com a Rússia.

De acordo com o Departamento de Justiça, Simes teria recebido US$ 1 milhão, além de benefícios como um carro com motorista particular, um apartamento em Moscou e uma equipe de 10 funcionários, em troca de seus serviços como apresentador e produtor no Channel One. 

O canal, que foi alvo de sanções dos EUA em 2022, é o mesmo em que a jornalista Marina Ovsyannikova ergueu um cartaz contra Vladimir Putin e a invasão da Ucrânia logo após o início da guerra.

Outro processo contra a mulher do apresentador 

Anastasia Simes foi acusada em um segundo processo, envolvendo um esquema separado para beneficiar o oligarca russo Aleksandr Udodov.

O Departamento de Justiça alega que Anastasia participou da compra, venda e envio de obras de arte dos Estados Unidos para a Rússia, recebendo comissões e reembolsos de Udodov, que foi sancionado pelos EUA em 2023.

“Esses réus supostamente violaram sanções que foram colocadas em prática em resposta à agressão ilegal da Rússia na Ucrânia”, disse o procurador dos EUA Matthew M. Graves em uma declaração na quinta-feira anunciando as acusações.

“Essas violações prejudicam nossos interesses de segurança nacional”, completou. 

Anteriormente, Dimitri Simes foi mencionado em uma investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a influência russa nas eleições de 2016, mas não  chegou a ser acusado.

As acusações do Departamento de Justiça foram anunciadas um dia após o Departamento do Tesouro do país ter aplicado sanções a  Margarita Simonyan, chefe da emissora estatal russa RT, e a outros nove funcionários por supostamente administrarem uma rede secreta de desinformação nos EUA que incluía influenciadores conservadores americanos conhecidos que teriam recebido recursos do Kremlin.