Londres – Pelo menos 726 mil pessoas tiram a própria vida a cada ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que em 2003 estabeleceu 10 de setembro como Dia Mundial de Prevenção do Suicídio como forma de motivar a sociedade a falar do tema e combater o estigma.
A data foi criada em conjunto com a Associação Internacional do Suicídio com o objetivo de aumentar a conscientização entre organizações, governos e o público, reforçando a mensagem de que suicídios são evitáveis.
No Brasil a campanha global que se estende por todo o mês ganhou o nome de Setembro Amarelo, uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), adotando a cor internacionalmente usada para simbolizar a luta contra o suicídio inspirada por uma história comovente.
Em 1994, os pais do jovem americano Mike Emme distribuíram fitas amarelas em seu funeral em referência a um Ford Mustang 1968 que o filho havia restaurado e onde foi encontrado sem vida, criando assim um poderoso lembrete visual da importância da conscientização sobre a saúde mental.
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Durante todo o mês de setembro, monumentos são iluminados de amarelo, campanhas são promovidas em escolas, empresas e espaços públicos e o diálogo sobre saúde mental é intensificado.
Não é sem motivo. A OMS salienta que cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros e tem efeitos duradouros nas pessoas deixadas para trás.
Quase três quartos (73%) dos suicídios globais ocorreram em países de baixa e média renda em 2021.
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Como falar de suicídio, segundo a OMS
Mas nem sempre a forma de falar de suicídio, seja na imprensa, em postagens nas redes sociais ou em conversas entre amigos é a mais adequada.
Especialistas recomendam seguir algumas diretrizes para garantir que a conversa seja feita de forma empática e construtiva, evitando o risco de glamourizar o ato de tirar a própria vida ou incentivar o comportamento suicida.
O diálogo aberto, responsável e respeitoso pode salvar vidas.
Veja cinco recomendações da Organização Mundial de Saúde, que fazem parte de um manual criado pela entidade para orientar o discurso em torno do suicídio.
- Evite Sensacionalismo: Ao relatar casos de suicídio, é essencial não romantizar ou dramatizar o ato. Não descreva métodos ou locais específicos, pois isso pode gerar o chamado “efeito contágio”, em que a exposição ao tema pode influenciar pessoas vulneráveis.
- Use Termos Adequados: Em vez de usar expressões como “cometeu suicídio”, prefira “morreu por suicídio”. A primeira forma carrega um tom de acusação, enquanto a segunda reflete de maneira mais empática a gravidade da situação.
- Enfatize a Busca por Ajuda: Ao abordar o assunto, sempre inclua informações sobre onde e como as pessoas podem buscar ajuda. No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento gratuito pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia.
- Fale Sobre Prevenção: É fundamental destacar que o suicídio pode ser prevenido. Incentivar as pessoas a reconhecerem sinais de alerta e a buscarem apoio psicológico é uma das formas mais eficazes de reduzir os índices.
- Valide Sentimentos: Quando for falar ou escrever sobre o tema, tenha sempre em mente que a dor emocional de quem está passando por uma crise é real. Ofereça acolhimento e escuta ativa, sem julgamentos ou minimizações.
A OMS recomenda também não divulgar bilhetes ou cartas deixados por quem tirou a própria vida, ter cuidado ao comentar sobre mortes de celebridades por suicídio e não ilustrar com fotos ligadas ao ato.
Com a adesão de mais pessoas, a campanha tem alcançado resultados positivos, mas ainda há um longo caminho pela frente. A conscientização sobre o tema deve se estender para além de setembro e permear o cotidiano, seja nas escolas, nos locais de trabalho ou nas redes sociais.
Neste Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, falar sobre saúde mental é um ato de cuidado. O diálogo aberto, responsável e respeitoso pode salvar vidas.
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