Londres – O Centro de Análise de Ameaças da Microsoft (MTAC) divulgou um relatório detalhando novas táticas atribuídas à Rússia destinadas a prejudicar a campanha da Kamala Harris à presidência dos EUA por meio de vídeos falsos.
Segundo a Microsoft, as novas ações representam “uma mudança significativa em relação às campanhas anteriores, que visavam o presidente Biden”.
A empresa de tecnologia destacou uma série de vídeos divulgados no final de agosto e início de setembro, um deles acusando Harris de ter fugido sem prestar socorro após atropelar uma pessoa, e outro com agressões a eleitores negros de Donald Trump.
Vídeos falsos da Rússia contra Kamala “inflamam divisões políticas e sociais”
Os vídeos foram amplamente compartilhados, inflamando divisões políticas e sociais, afirma a Microsoft em seu relatório, divulgado nesta terça-feira (17).
De acordo com a empresa de tecnologia, a Rússia tem historicamente se envolvido em operações de influência nas eleições dos EUA, mas nos últimos meses houve “uma mudança estratégica”.
Em 4 de setembro, o governo dos EUA tomou medidas importantes contra influenciadores russos, incluindo a imposição de sanções e a divulgação de acusações contra a ANO Dialog e o grupo hacktivista RaHDit, que têm vínculos com o Kremlin.
Esses grupos são acusados de disseminar propaganda e desinformação, buscando impactar o processo eleitoral americano.
Ao mesmo tempo, a Microsoft detectou o que chamou de “mudança sincronizada por três outros atores da operação de influência russa, Storm-1516, Ruza Flood e Storm-1679 para difamar acampanha da vice-presidente Kamala Harris”.
Segundo a empresa, as operações de influência russas inicialmente tiveram dificuldades para direcionar as operações voltadas para a campanha democrata após a saída do presidente Biden da disputa.
Desde o final de agosto, no entanto, “o prolífico ator russo Storm-1516” começou a produzir conteúdo envolvendo Harris e seu companheiro de chapa, Tim Walz, em teorias de conspiração.
Vídeos para gerar desconfiança e controvérsia em torno de Kamala Harris
O Storm-1516 produziu e disseminou dois vídeos falsos projetados para desacreditar Harris e atiçar a controvérsia em torno de sua campanha.
- O primeiro vídeo retrata um ataque de supostos apoiadores de Harris ao que os disseminadores do vídeo alegam ser um participante do comício de Trump. O objetivo seria o de inflamar tensões raciais e políticas.
- O segundo vídeo usou um ator para alegar falsamente que Kamala Harris teria atropelado uma jovem em 2011, deixando-a paralisada e fugindo do local sem prestar socorro.
Este vídeo foi publicado inicialmente por um site simulando um veículo de mídia local de São Francisco, criado alguns dias antes, uma tática recorrente da desinformação russa e já apontada em outros relatórios.
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Dos Jogos de Paris para Kamala nos EUA
A investigação da Microsoft detectou ainda que no início de setembro, outro ator de influência russo, Storm-1679, também mudou suas operações de influência para focar na vice-presidente Harris após um período em que teve como alvo disseminar desinformação sobre os Jogos Olímpicos de Paris.
Foram postados dois vídeos sobre Kamala Harris promovendo teorias da conspiração e falsas alegações sobres suas políticas.
Um deles, que registrou mais de 100 mil visualizações no X nas primeiras quatro horas após a postagem inicial no Telegram, retratou um outdoor falso da cidade de Nova York.
Além disso, a Rússia está utilizando proxies cibernéticos e grupos hacktivistas para aumentar a ameaça de interferência eleitoral, apontou o relatório da Microsoft.
O grupo RaHDit, entre outros, tem sido ativo em campanhas de ataque cibernético e propaganda, visando semear dúvidas e medo entre os eleitores. Proxies como o RaHDit têm sido identificados como tendo ligações com serviços de inteligência russos, ampliando a preocupação sobre suas atividades.
O Volga Flood, um grupo afiliado à Rússia, também está envolvido, amplificando material hackeado e produzindo desinformação.
Este grupo tem sido responsável por criar e espalhar conteúdo falso, aproveitando informações vazadas para promover narrativas enganosas, diz a empresa.
O Centro de Análise de Ameaças da Microsoft informou que continuará a monitorar essas atividades e a produzir relatórios sobre os esforços de influência estrangeira antes das eleições de novembro nos EUA.
“O governo dos EUA e outras partes interessadas precisam permanecer vigilantes para proteger a integridade do processo eleitoral contra essas ameaças emergentes”, recomenda a empresa.
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