Londres – A publicação americana New York Magazine afastou a conhecida repórter política Olivia Nuzzi após a revelação de que ela teve um relacionamento com Robert F. Kennedy Jr., que se lançou candidato à presidente dos EUA mas em agosto desistiu de concorrer e passou a apoiar Donald Trump.
Em um comunicado aos leitores publicado no site, a revista informou que a correspondente de 31 anos baseada em Washington reconheceu aos editores que havia se envolvido em um relacionamento pessoal com “uma pessoa relevante” na campanha de 2024 enquanto estava cobrindo a disputa, “uma violação dos padrões da revista em relação a conflitos de interesse”.
A New York Magazine acrescentou que “se a revista tivesse conhecimento desse relacionamento a jornalista não teria continuado a cobrir a campanha presidencial“, mas garantiu que uma análise das reportagens publicadas não encontrou imprecisões nem evidências de parcialidade.
A publicação informou que Olivia Nuzzi está de licença enquanto uma avaliação mais completa do caso está sendo conduzida por especialistas externos aos quadros da editora.
Relacionamento teria começado após repórter fazer perfil de Kennedy Jr.
Olivia Nuzzi, de 31 anos, firmou seu nome como uma das principais jornalistas e comentaristas de TV nos Estados Unidos e se tornou uma celebridade na mídia americana.
Ela fez uma participação especial no seriado Billions e lançou recentemente uma série de documentários chamada “Working Capital” com a Bloomberg, entrevistando empreendedores e executivos.
Entre suas matérias recentes está uma entrevista com o candidato Donald Trump, durante a qual ele deixou que ela olhasse de perto sua orelha ferida em uma tentativa de assassinato na Pensilvânia.
Em 2023 ela fez um perfil de Robert F.Kennedy Jr. para a New York Magazine, publicado em novembro.
O ex-candidato tem 70 anos e é casado com a atriz Cheryl Hines, enquanto Nuzzi ficou noiva do jornalista do site de notícias Politico Ryan Lizza em setembro do ano passado.
Sobrinho do presidente Jonh Kennedy, Kennedy Jr. é uma das figuras mais controvertidas da política americana, apontado como teórico da conspiração. Ele se notabilizou por suas campanhas contra a vacina para o coronavírus baseada em desinformação.
Após a revelação da notícia do relacionamento, Nuzzi divulgou uma nota para a CNN sem se referir ao nome de Kennedy Jr. admitindo que “a natureza de algumas comunicações” entre ela e um antigo personagem de suas reportagens evoluiu para algo mais pessoal.
Mas afirmou que não houve relacionamento físico.
Ela disse que “não escreveu diretamente sobre essa pessoa nem a utilizou como fonte” em sua cobertura das eleições depois que o relacionamento começou.
“O relacionamento nunca foi físico, mas deveria ter sido revelado para evitar a impressão de um conflito”, disse Nuzzi, expressando arrependimento por não ter comunicado a situação de imediato.
“Lamento profundamente não ter feito isso e peço desculpas àqueles que decepcionei, especialmente meus colegas na New York.”
Nem a revista nem a repórter confirmaram oficialmente a identidade da pessoa com quem ela se relacionou.
Um porta-voz de Kennedy Jr. rejeitou a alegação de que ele teve um relacionamento com Olivia Nuzzi, afirmando que o político a encontrou apenas uma vez na vida, para a entrevista que resultou no perfil publicado na revista New York.
A situação provocou um debate nos meios jornalísticos sobre transparência e a ética nas relações entre profissionais de imprensa e suas fontes, sobretudo em coberturas sensíveis como a de campanhas eleitorais.
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