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Ciência e arte: Observatório de Greenwich premia as fotos do universo mais impressionantes do ano

Foto vencedora geral do Prêmio Fotografia Astronômica formada por uma sequência de imagens capturadas continuamente que mostram a progressão das contas de Baily durante o eclipse anular de 2023. As contas de Baily são formadas quando a luz solar brilha através dos vales e crateras da superfície da Lua, quebrando o conhecido padrão de anel do eclipse, e só são visíveis quando a Lua entra ou sai de um eclipse.

Lua eclipse

Londres – O Observatório Real de Greenwich anunciou os vencedores de seu prêmio anual de fotografia astronômica, dando a vitória a um registro raro do eclipse anular de 2023 feito pelo americano Ryan Imperio. 

Sua foto intitulada Sombras Distorcidas na Superfície da Lua Criadas por um Eclipse Anular capturou a progressão das Baily’s Beads durante o eclipse. 

Distorted Shadows of the Moon’s Surface Created by an Annular Eclipse © Ryan Imperio / Astronomy Photographer of the Year

As “contas de Baily” são formadas quando a luz do sol passa pelos vales e crateras da superfície lunar, interrompendo o anel perfeito do eclipse.

Esse fenômeno é visível apenas nos momentos em que a Lua entra ou sai de um eclipse e é extremamente difícil de capturar, exigindo tempo e precisão. 

Kerry-Ann Lecky Hepburn, meteorologista e jurada da competição, explicou a importância da imagem

“Este é um registro impressionante dos poucos segundos fugazes da visibilidade das contas de Baily. Essa imagem me deixou fascinada e maravilhada. É um trabalho excepcional, merecedor de grande reconhecimento.”

Na categoria Jovens, o prêmio de Fotógrafo de Astronomia do ano foi concedido ao italiano Daniele Borsari, de apenas 14 anos, que capturou a nebulosa NGC 1499 em sua foto intitulada NGC 1499, A Dusty California. 

 

NGC 1499, A Dusty California © Daniele Borsari / Astronomy Photographer of the Year

Localizada a uma distância de cerca de 1.000 anos-luz da Terra, a Nebulosa da Califórnia (NGC 1499), na constelação de Perseu, só é visível graças à ionização de gases pela estrela gigante azul ξPersei (Menkib). A foto foi obtida de Bérgamo, na Itália, com capturas entre outubro e novembro de 2023.

Veja os outros vencedores do prêmio de fotografia astronômica do Observatório de Greenwich 

Galáxias

A imagem mostra a galáxia NGC 5128 e o sistema que a rodeia, bem como uma visualização do jato relativístico, composto por radiação e partículas viajando perto da velocidade da luz. Como essa galáxia só pode ser fotografada do hemisfério sul, os fotógrafos viajaram para a Namíbia para capturar a imagem. 

Echoes of the Past © Bence Tóth, Péter Feltóti / Astronomy Photographer of the Year

Auroras

A grande vencedora da categoria veio da Nova Zelândia: a aurora foi registrada sobre as montanhas de Queenstown na manhã de 15 de fevereiro do ano passado. 

Queenstown Aurora © Larryn Rae / Astronomy Photographer of the Year

Mas engana-se quem pensa que fazer esse registro foi simples. Trata-se de uma combinação de 19 imagens captadas com uma câmera previamente preparada para capturar todos os tons de rosa da aurora, o que criou uma imagem final incrivelmente dinâmica.


Lua 

 A melhor imagem da Lua foi feita pelo húngaro Gábor Balázs. A imagem mostra Sinus Iridum, também conhecida como a “Baía dos Arco-Íris”, com 260 quilômetros de diâmetro, delimitada por várias crateras menores. 

Shadow peaks of Sinus Iridum © Gábor Balázs / Astronomy Photographer of the Year

O fotógrafo capturou a imagem a partir de Budapeste em setembro do ano passado, usando uma câmera monocromática com filtro e um telescópio refrator. A cratera visível no canto superior direito, Pitágoras, é quase visível de lado devido à libração, a oscilação da Lua vista da Terra.


Pessoas e o Universo  

O britânico Tom Williams conquistou o primeiro lugar na categoria com “Silhoueta High-Tech”, retratando a silhueta da Estação Espacial Internacional (ISS) transitando pelo limbo solar oriental. 

High-Tech Silhouette © Tom Williams / Astronomy Photographer of the Year

Cruzando o campo de visão em apenas 0,2 segundos, a passagem da ISS pelo Sol é uma visão rara en qualquer local da Terra. A imagem foi captada com um telescópio Sky-Watcher Evostar em Trowbridge, Wiltshire, no Reino Unido, em 15 de junho de 2023.


Planetas, cometas e asteróides  

Williams também foi esc0lhido o melhor na categoria Planetas, Cometas e Asteróides, com uma composição mostrando as fases de Vênus na aproximação à conjunção inferior, que é quando o planeta e a Terra aparecem próximos do mesmo lado do Sol. 

On Approach © Tom Williams / Astronomy Photographer of the Year

Também registrada a partir de Trowbridge, em três datas entre no período de junho a julho de 2023, a foto é uma combinação de imagens capturadas com  um telescópio Sky-Watcher e filtros ultravioleta e infravermelho para revelar a intrincada estrutura de nuvens na atmosfera superior do planeta.

Apesar do período de rotação de Vênus durar muitos meses, a atmosfera está longe de ser estacionária, circundando o planeta em cerca de quatro dias.


Paisagens celestes 

Tasman Gems, de Tom Rae, da Nova Zelândia, retrata a  Via Láctea no Hemisfério Sul, incluindo as nuvens de hidrogênio da Nebulosa Gum, e venceu o prêmio do Observatório de Greenwich na categoria Paisagens Celestes. 

Tasman Gems © Tom Rae / Astronomy Photographer of the Year

Estrelas e nebulosas 

Esta impressionante fotografia é o resultado de 3.559 quadros, 260 horas de exposição e telescópios em três continentes.

Foto: Marcel Drechsler, Bray Falls, Yann Sainty, Nicolas Martino, Richard Galli (Germany, USA, France, France, France) with SNR G107.5-5.2, Unexpected Discovery (The Nereides Nebula in Cassiopeia) / Astronomy Photographer of the Year

A equipe trabalhou para explorar e fotografar um gigantesco remanescente de supernova (SNR), até então desconhecido, no centro da constelação de Cassiopeia. Composto por astrônomos amadores, o grupo contou com a liderança científica do professor Robert Fesen (EUA).

A descoberta é mais uma demonstração do papel cada vez mais relevantes dos amadores para o avanço da astronomia. A imagem foi feita com registros de  telescópios posicionados em Marrocos, Estados Unidos e França no período de julho a novembro de 2023. 


Melhor fotógrafo emergente 

A imagem vencedora resulta de um total de dez dias de filmagem e pós-processamento para mostrar a Nebulosa Cabeça do Golfinho (SH2-308). Ela se encontra em um ângulo baixo e só pode ser fotografada cinco horas por dia.

SH2-308 Dolphin Head Nebula © Xin Feng, Miao Gong / Astronomy Photographer of the Year

Captada com um telescópio da província de Sichuan, na China, em janeiro de 2024, a foto realça o corpo principal da nebulosa e o vento estelar de fundo, formando um resultado impactante.


Inovação

Na categoria inovação, o prêmio deste ano foi para Sergio Díaz Ruiz, com sua foto Anatomia de um Planeta Habitável, que retrata a Terra como um mundo alienígena, estudado à distância por uma civilização desconhecida.

Anatomy of a Habitable Planet © Sergio Díaz Ruiz / Astronomy Tom Williams (Reino Unido) com “Na Aproximação” (Vencedor)

Este mundo aparentemente estranho é na verdade o planeta Terra, apresentado da forma como uma civilização distante poderia estudá-lo.

A imagem foi criada misturando as 16 bandas monitorizadas pelo satélite meteorológico GOES-18, codificando massas terrestres, oceanos e características atmosféricas em cores diferentes, a partir de dados coletados em fevereiro de 2024. 


Outras imagens destacadas pelos jurados incluem  Aurora Boreal sobre o Litoral de Brighton, de Michael Steven Harris, que capturou lindamente os tons rosados da aurora, apesar da significativa poluição luminosa dessa área urbana da Inglaterra.

Aurora Borealis over Brighton Seafront © Michael Steven Harris / Astronomy Photographer of the Year

Linhas Paralelas sobre a Cidade, de Ran Shen, mostra as trajetórias Vênus e Júpiter sobre o horizonte de Xangai e ficou em segundo lugar na categoria “Pessoas e Espaço”. 

Parallel Lines Over the City © Ran Shen / Astronomy Photographer of the Year

A edição de 2024 do prêmio do Observatório Real de Greenwich, lar da hora mundial, contou com mais de 3,5 mil  inscrições de 58 países. As imagens serão apresentadas ao público em uma exposição na sede da instituição, em Londres, a partir de 13 de setembro. 

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