À medida que as eleições de 2024 nos EUA se aproximam, os eleitores estão lidando com uma enxurrada de informações e começam a achar que muito do que leem ou assistem é desinformação eleitoral, como mostra uma nova pesquisa do Pew Research Center, 

O estudo revelou que 73% dos adultos americanos afirmam ver notícias imprecisas sobre a disputa entre Donald Trump e Kamala Harris “com alguma frequência”, sendo que 37% veem esse tipo de cobertura com “muito” ou “extrema” frequência. 

Além disso, cerca de metade (52%) diz que é difícil distinguir o que é verdade ou não ao ler ou assistir notícias sobre a eleição.

O Pew aponta que essa percepção reflete um nível elevado de incerteza e confusão no ambiente eleitoral, onde a desinformação se tornou uma arma poderosa, moldando opiniões e influenciando decisões.

Diferenças partidárias na percepção da desinformação eleitoral nos EUA

Os dados da pesquisa também expõem diferenças notáveis entre Republicanos e Democratas.

Republicanos, incluindo os independentes que se inclinam para o Partido Republicano, relatam mais dificuldade em encontrar informações confiáveis sobre a eleição do que os democratas (29% contra 52%, respectivamente).

Eles também são mais propensos a afirmar que o noticiário sobre as eleições é impreciso. Essas disparidades refletem o ambiente polarizado dos Estados Unidos, onde diferentes grupos políticos têm percepções divergentes sobre a mídia e as informações que consomem, aponta o Pew. 

Essas diferenças de percepção também são influenciadas pelas fontes: os que votam no Partido Republicano são mais propensos a consumir notícias de fontes como Fox News e Talk Radio, enquanto os eleitores de Kamala Harris buscam informações em canais como CNN e The New York Times.

Essa divisão partidária na escolha de fontes alimenta visões diferentes da realidade, aumentando a dificuldade de se alcançar um consenso sobre os fatos eleitorais.

Exaustão informativa e o desejo por notícias mais substanciais

Outra constatação significativa da pesquisa é que cerca de 60% dos americanos relatam sentir-se “exaustos” com a quantidade de cobertura eleitoral, seja ela desinformação ou não. 

Apenas 40% dizem que estão gostando de acompanhar a enxurrada de notícias sobre os candidatos e os acontecimentos eleitorais. Esse cansaço é compreensível, visto que muitos eleitores afirmam estar frustrados com o tipo de cobertura que veem, observam os pesquisadores. 

Embora 75% dos americanos declarem estar “extremamente” ou “muito” interessados nas posições dos candidatos sobre as questões que afetam o país, o tipo de notícia mais comum que recebem é sobre as ações ou comentários dos candidatos durante a campanha.

Isso sugere uma desconexão entre o que o público deseja consumir e o que é oferecido pela mídia. Os eleitores também demonstraram interesse significativo em aprender mais sobre o caráter moral dos candidatos (60%) e suas experiências profissionais (49%), áreas menos exploradas nas coberturas atuais.

Impressão de desinformação eleitoral circulando entre amigos e familiares

Curiosamente, a pesquisa do Pew também revela que a desinformação não vem apenas das mídias tradicionais ou das redes sociais.

Cerca de 58% dos entrevistados disseram ter ouvido amigos, familiares ou conhecidos compartilhando informações imprecisas sobre a eleição, pelo menos com alguma frequência.

Esse fenômeno se mostrou relativamente igual entre republicanos e democratas, sugerindo que a desinformação pessoal, que circula em conversas diárias, é um desafio comum, independentemente da afiliação política.

Onde os eleitores dos EUA estão buscando informações eleitorais?

Os americanos estão divididos em como acessam notícias políticas e eleitorais. A televisão ainda é a principal fonte de informação para 35% dos adultos, especialmente entre os mais velhos, com 63% dos americanos com 65 anos ou mais usando a TV como sua principal fonte de notícias.

Em contrapartida, entre os jovens adultos (menos de 30 anos), quase metade (46%) recorre às redes sociais para se informar sobre a eleição.

Além disso, plataformas digitais como sites de notícias (21%), mecanismos de busca (12%) e podcasts (6%) também desempenham papel importantes na maneira como os eleitores mais jovens acessam informações.

Esses padrões revelam uma clara divisão geracional na forma como os americanos consomem notícias, com implicações para a maneira como diferentes faixas etárias estão expostas a possíveis fontes de desinformação.

Diferenças de confiança nas fontes de notícias

Outra descoberta importante do Pew Research Center  é a confiança que os eleitores depositam nas fontes de notícias que consultam com mais frequência. A maioria dos americanos relatou confiar mais nas fontes que utilizam regularmente do que na mídia em geral.

No entanto, as percepções sobre a cobertura eleitoral também variam significativamente entre as partes. Mais da metade dos republicanos (61%) classificam a cobertura da mídia como ruim, enquanto a maioria dos democratas (77%) acha que a mídia está fazendo um trabalho razoável ou muito bom na cobertura das eleições.

Essa divisão mostra que, embora os americanos estejam unidos na preocupação com a precisão das informações, suas opiniões sobre a qualidade da cobertura eleitoral são moldadas fortemente por suas afiliações partidárias.