MediaTalks em UOL

Reportagem do Amazônia Vox vence Prêmio Roche de Jornalismo organizado pela Fundação Gabo

Mulher grávida em barco no Pará, cena de documentário do site Amazônia Vox

Cena da reportagem “Desafios e soluções para melhorar a cobertura pré-natal em comunidades ribeirinhas da Amazônia” (divulgação Amazônia Vox)

Uma série da iniciativa de jornalismo ambiental Amazônia Vox exibida pelo Canal Futura sobre os desafios do atendimento médico a grávidas em comunidades ribeirinhas foi escolhida pelos jurados da Fundação Gabo como o melhor trabalho do ano na categoria Digital.  

Os resultados do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde 2024, organizado pela Fundação criada pelo escritor e jornalista Gabriel García Márquez, foram anunciados nesta quinta-feira (24) em Miami.

Os outros premiados foram um podcast do el Hilo (EUA) sobre grávidas haitianas deportadas da República Dominicana, que venceu na categoria jornalismo sonoro, e uma reportagem do espanhol El Mundo (Espanha) sobre suicídio, destacada como a melhor cobertura.  

Amazônia Vox e o jornalismo de soluções

Criado e dirigido pelo jornalista Daniel Nardin, o Amazônia Vox é um projeto destinado a dar visibilidade a fontes locais e a  profissionais de comunicação da região amazônica, e também a produzir conteúdo baseado no conceito de jornalismo de soluções. 

A reportagem vencedora do Prêmio Roche, “Desafios e soluções para melhorar a cobertura pré-natal em comunidades ribeirinhas na Amazônia”, foi saudada pelo júri pela sua alta qualidade narrativa e por ser fundamentada nos pilares dessa prática. 

A cobertura apresenta a resposta ao problema desenvolvida no município de Abaetetuba, no Pará, onde os indicadores vêm melhorando ano a ano, apesar das limitações. 

Desafios e soluções para melhorar a cobertura pré-natal em comunidades ribeirinhas na Amazônia

“O trabalho oferece uma análise exaustiva das lacunas e desafios da cobertura de saúde pré-natal na Amazônia brasileira. Expõe o problema, as respostas e suas limitações em uma série de seis episódios, adaptados também para as redes sociais, com conteúdo revisado por adolescentes para garantir sua compreensão, e desenvolvido inteiramente por uma equipe de jornalistas locais.”

Alunos de escola pública participaram do traballho premiado 

A reportagem foi produzida com apoio de uma bolsa do programa “Early Childhood Reporting Fellowship”, do The Dart Center for Journalism and Trauma da Universidade de Columbia (EUA), e envolveu nove profissionais. 

O material conta com seis capítulos em textos, fotos e ilustrações e um mini doc que está disponível no YouTube e também foi exibido em março de 2024 pelo Canal Futura.

A revisão textual foi feita pela professora Marcela Castro e pelos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Lemos, de Santa Izabel do Pará.

A reportagem vencedora do prêmio inspirou um novo projeto de lei de autoria do deputado estadual Carlos Bordalo (PT-Pará).

O texto estabelece a prioridade no atendimento pré-natal de mulheres ribeirinhas no Sistema de Saúde do Estado do Pará, “visando assegurar o direito à saúde materna e perinatal, com foco na humanização, melhoria da qualidade de vida e redução das desigualdades regionais”.

Para Daniel Nardin, o prêmio pelo trabalho já tinha sido conquistado antes de os resultados serem anunciados pela Fundação Gabo. 

“Saber que a matéria motivou um projeto de lei que pode ajudar a mudar a realidade que a gente retratou foi um grande reconhecimento.

Esta é a principal função do jornalismo: contribuir de alguma forma com a transformação da sociedade.”

Ele também destacou o engajamento de 40 adolescentes que atuaram como editores e revisores ao lado dos profissionais, abrindo caminho para uma carreira futura em imprensa para vozes locais da Amazônia. 

“O prêmio Roche é uma motivação para continuarmos praticando o jornalismo que aborda os problemas mas também indica os caminhos”, disse Nardin. 

Sair da versão mobile