Londres – Neste Dia Internacional para Acabar com a Impunidade por Crimes contra Jornalistas (2 de novembro) a A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) instou que os Estados sejam responsabilizados quando jornalistas são mortos ou alvos em todo o mundo, em particular aqueles na Palestina, Líbano, Israel e Síria como resultado da guerra em Gaza.
Desde o início do ano, pelo menos 76 jornalistas e profissionais da mídia foram mortos no exercício de seu trabalho, 46 deles em Gaza, de acordo com as últimas estatísticas da IFJ.
A organização, sediada em Bruxelas, condenou em particular a atitude de Israel em relação à imprensa e seus ataques aos profissionais da mídia durante a guerra em Gaza.
Pelo menos 146 jornalistas perderam suas vidas na região desde o início do conflito em outubro de 2023 – o período mais sangrento da história do jornalismo.
Desde outubro de 2023, a IFJ tem feito repetidos apelos às Nações Unidas, exigindo um cessar-fogo e pedindo ajuda humanitária e logística para jornalistas, incluindo equipamentos de proteção dos quais os profissionais são privados, elevando os riscos a que estão submetidos.
Outras organizações de direitos humanos e de liberdade de imprensa também têm cobrado medidas para colocar fim às mortes.
A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já protocolou quatro pedidos de investigação por crime de guerra ao Tribunal de Haia, relativas a casos em que evidências apontam para ataques deliberados a profissionais de imprensa identificados e a serviço.
Leia também | RSF apresenta quarta queixa ao Tribunal de Haia por crimes de guerra de Israel contra jornalistas
A Federação também apelou ao governo israelense para suspender a proibição que impede jornalistas internacionais de entrarem na Faixa de Gaza, um apelo que vem sendo feito por correspondentes internacionais e organizações de mídia.
Além disso, a entidade acusa Israel de violar as Resoluções 2222/2015 e 1738/2006 do Conselho de Segurança da ONU , que condenam ataques internacionais contra jornalistas e profissionais da mídia em situações de conflito armado.
“No resto do mundo, a Federação deplora as inúmeras prisões arbitrárias, intimidações, desaparecimentos, agressões físicas e ameaças online contra jornalistas, que visam amordaçar a imprensa e abafar reportagens de interesse público”, diz o comunicado.
Países com impunidade de crimes contra jornalistas ‘galopante’
A Federação aponta em particular para outros países onde a impunidade é “galopante”.
Os exemplos são o Paquistão com nove assassinatos este ano; a Colômbia, onde houve vários casos de ameaças, ataques e dois jornalistas mortos em 2024; o Kosovo onde 19 assassinatos de jornalistas permanecem impunes e o Sudão, outro país em guerra onde pelo menos quatro jornalistas foram mortos este ano, principalmente pelas milícias e membros das forças de segurança, com total impunidade.
A presidente da IFJ, Dominique Pradalié, disse:
“Não há absolutamente nenhum ambiente livre e seguro para jornalistas trabalharem e estamos testemunhando o período mais sangrento da história do jornalismo devido ao conflito em Gaza e países vizinhos.
Governos ao redor do mundo devem ser responsabilizados pelas atrocidades perpetradas contra jornalistas e a ONU deve fazer mais para defender a liberdade de imprensa, inclusive pedindo a implementação de suas próprias resoluções.
Já passou da hora de a comunidade internacional dizer ‘acabe com a impunidade’ e adotar uma Convenção vinculativa da ONU sobre a segurança e independência de jornalistas e outros profissionais da mídia ”.
Leia também | Brasil avança em índice de liberdade de expressão nas Américas, mas região vive ‘restrição generalizada’