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EUA: RSF aponta deficiências de liberdade de imprensa em estados indecisos que podem influenciar resultado eleitoral

Kamala Harris no Arizona, um dos estados-pêdulo que pode decidir as eleições nos EUA

Kamala Harris em comício no Arizona, um dos estados-pêndulo em que o trabalho dos jornalistas enfrenta barreiras (Foto: divulgação)

Na reta final da eleição, o trabalho dos jornalistas dos EUA nunca foi tão importante nem tão desafiador, sobretudo nos chamados estados-pêndulo, onde não há predominância de um ou outro partido. 

No entanto, três deles – Arizona, Nevada e Pensilvânia – e a Flórida, um estado indeciso, têm graves problemas de liberdade de imprensa que podem comprometer o acesso dos eleitores a informações livres e completas. E é neles que a eleição pode ser decidida. 

As últimas pesquisas mostram que o republicano Donald Trump está empatado com a democrata Kamala Harris, deixando uma incógnita sobre quem será o próximo presidente e qual rumo o país irá tomar.

Jornalistas dos EUA reclamam de acesso a informações públicas

Um relatório da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) analisou o mercado e a atuação da mídia em quatro dos sete estados-pêndulo dos EUA antes das eleições.

Jornalistas e profissionais de imprensa do Arizona, Flórida, Nevada e Pensilvânia responderam a uma pesquisa abrangendo cinco categorias: política, legislação, sociocultural, economia e segurança.

A maior dificuldade encontrada por quase todos os entrevistados é o acesso a informações que deveriam ser públicas ou, ao menos, fornecidas rapidamente à imprensa: 94% avaliam que autoridades e funcionários públicos atrasam ou ignoram solicitações de jornalistas, sendo o Arizona o campeão de queixas.

Para 66% dos profissionais desses estados, é “difícil ganhar um salário digno como jornalista”.

Já 75% concordam que, em geral, as empresas lutam para ser manter economicamente viáveis. 

A RSF também se aprofundou nos contextos individuais de cada estado. Nevada recebeu as melhoras notas em todas as áreas.

Já o Arizona teve a pior pontuação na categoria política entre os quatro estados, refletindo a onda contra a imprensa por parte da população e de autoridades locais.

A Pensilvânia vive uma situação parecida, com jornalistas relatando grande hostilidade do público e de instituições oficiais, além de enfrentarem dificuldades econômicas.

A disseminação de “desertos de notícias” – regiões com pouco ou nenhum jornalismo local – também é preocupante.

A Flórida tem 300 mil habitantes sem uma fonte de mídia local. Nevada e Pensilvânia são outros dois estados que acendem o alerta da ONG nesse quesito.

“Não pode haver democracia sem liberdade de imprensa, por isso, é extremamente importante entender os desafios da imprensa nos locais cruciais para as eleições presidenciais americanas”, diz o diretor executivo da RSF nos EUA, Clayton Weimers.

“Esperamos que esses dados sejam um ponto de partida para todos os americanos exigirem melhorias nos ecossistemas de mídia de seus estados: maior transparência, melhor acesso à informação e um mercado que permita que o jornalismo prospere.”

Para a ONG, grande parte dos problemas apontados pelos jornalistas dos EUA podem ser resolvidas com reformas políticas.

Nos estados-pêndulo, é necessário o compromisso dos legisladores em facilitar o acesso da imprensa a informações públicas e fortalecer a economia do setor por meio de financiamentos e incentivos fiscais.

Entre os muitos desafios do próximo presidente, a defesa da liberdade de imprensa terá de ser uma das prioridades para que o país volte a subir no ranking da RSF.

Em 2024, os EUA ficaram em 55º lugar, 10 posições abaixo do ano anterior.

Leia o relatório completo aqui.

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