O Brasil, as Nações Unidas e a Unesco (agência da ONU para para a Educação, Ciência e Cultura) anunciaram nesta terça-feira durante a reunião dos líderes do G20, no Rio de Janeiro, uma iniciativa conjunta para fortalecer a ciência e adotar medidas de combate às campanhas de desinformação “que estão atrasando e atrapalhando a ação climática”.
A Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas, apresentada ao mesmo tempo em que a COP29 acontece em Baku, é “uma intervenção importante para aumentar o apoio à ação climática urgente em um momento em que cientistas alertam que o tempo está acabando para salvar o mundo”, afirmou a Unesco.
O presidente Lula ressaltou que os países não podem enfrentar a desinformação individualmente. “Na luta pela sobrevivência não há espaço para o negacionismo e a desinformação”, afirmou o presidente.
Os países comprometidos com a iniciativa contribuirão para um fundo administrado pela Unesco com o objetivo de arrecadar inicialmente de US$ 10 a 15 milhões nos próximos 36 meses.
Os recursos serão distribuídos como subsídios a organizações não governamentais para apoiar seu trabalho de pesquisa sobre integridade de informações climáticas, desenvolver estratégias de comunicação e realizar campanhas de conscientização pública.
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No Brasil, RSF participará das ações contra desinformação climática
A organização Repórteres Sem Fronteiras participará do componente brasileiro da iniciativa, que desenvolverá ações de apoio ao jornalismo, com foco em reportagens socioambientais, especialmente em locais considerados “desertos de notícias” devido à falta de fontes confiáveis; proteção de jornalistas e promoção de políticas que garantam a integridade das informações climáticas.
O risco representado pela desinformação para atingir as metas climáticas foi reconhecido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que declarou em 2022 que o “enfraquecimento deliberado da ciência” estava contribuindo para “percepções errôneas do consenso científico, incerteza, risco e urgência desconsiderados e dissenso”.
A iniciativa contra a desinformação reunirá países, organizações internacionais e redes de pesquisadores para apoiar esforços conjuntos para enfrentar a desinformação e promover ações em preparação para a COP30 no Brasil”, disse Lula durante Cúpula dos Líderes do G20.
Embora inicialmente discutida entre os países que compõe o G20 – as maiores economias do mundo – a ação contra a desinformação climática será colaboração multilateral dedicada entre Estados e organizações internacionais para financiar pesquisas e ações que promovam a integridade da informação sobre o tema.
Outros países e organizações internacionais alinhados com as metas climáticas e o comprometimento com a integridade da informação estão agora sendo convidados a aderir.
Chile, Dinamarca, França, Marrocos, Reino Unido e Suécia já confirmaram participação.
‘Campanhas coordenadas de desinformação impedem avanços globais’
“Devemos lutar contra as campanhas coordenadas de desinformação que impedem os avanços globais para combater as mudanças climáticas, variando da negação total ao “greenwashing” e ao assédio aos cientistas do clima.
Por meio desta iniciativa, trabalharemos com pesquisadores e parceiros para fortalecer a ação contra a desinformação climática”, disse o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
A iniciativa responde ao compromisso do Pacto Digital Global, adotado pelos Estados-membros da ONU em setembro, que incentiva as entidades da ONU, em colaboração com governos e partes interessadas relevantes, a avaliar o impacto da desinformação na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Sem acesso a informações confiáveis sobre a perturbação climática, nunca poderemos esperar superá-la. Por meio desta iniciativa, apoiaremos jornalistas e pesquisadores que investigam questões climáticas, às vezes com grande risco para si mesmos, e lutaremos contra a desinformação relacionada ao clima que corre solta nas mídias sociais”, afirmou Audrey Azoulay, Diretora-Geral da Unesco.