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Com prisão de Netanyahu decretada, Israel quer reformar leis para sufocar imprensa independente

Jornalista anuncia fechamento da Al Jazeera em Israel

Jornalista anuncia fechamento da Al Jazeera em Israel na última transmissão feita a partir de Jerusalém (foto: reprodução YouTube)

A imprensa em Israel está sofrendo novas ameaças à sua liberdade e pluralidade. É o que denuncia a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que vê como alarmante o projeto de reforma de leis da mídia no país conduzido pelo ministro das Comunicações, Shlomo Karhi.

O alerta acontece dias após o Tribunal Penal Internacional pedir a prisão do primeiro-ministro israelense Benjamim Netanyahu, por crimes de guerra e contra a humanidade.

Além dele, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, demitido no início do mês por Netanyahu, e o líder do Hamas – declarado morto por Israel – Mohammed Deif, também tiveram mandados de prisão expedidos.

Mídia estrangeira e até pública são alvos em Israel

Com a escalada dos conflitos no Líbano e em Gaza e a crescente pressão internacional sobre Israel, Karhi vem acelerando a agenda para sufocar ainda mais a imprensa independente e expandir a mídia pró-governo, afirma a RSF.

Integrante do governo desde dezembro de 2022, Karhi apresentou o plano de reestruturação da mídia apenas três meses após sua nomeação. Agora, o parlamento israelense estuda diversos projetos controversos que integram o pacote do ministro das Comunicações.

No dia 20 de novembro, o parlamento israelense estendeu a “lei Al-Jazeera”, que mira a imprensa internacional e foi adotada de forma excepcional em abril e renovada em julho, por mais seis meses – antes, a medida era válida por quatro meses.

Os parlamentares também aumentaram de 45 para 60 dias o principal dispositivo da lei: a proibição de qualquer meio de comunicação estrangeiro considerado “prejudicial à segurança nacional”.

No início do mês, a mídia estatal também foi atingida pela reforma de Karhi. Uma lei que amplia o controle do orçamento da emissora pública Kan pelo ministro das Comunicações foi aprovada.

Antes, se o ministério quisesse alterar o orçamento da Kan, deveria obter a aprovação do parlamento. Agora, o Ministério das Comunicações consegue rever o orçamento diretamente.

Ministro fortalece imprensa pró-governo em Israel

A lei que mexeu com o orçamento da Kan, segundo a RSF, faz parte da estratégia de enfraquecer a imprensa estatal e fortalecer emissoras privadas que apoiam o governo Netanyahu, como é o caso do Channel 14.

Em agosto, uma iniciativa do ministro Shlomo Karhi ampliou a distribuição do Channel 14 no país, que não paga taxas de licenciamento – quem paga é a Kan.

Karhi é conhecido por fazer um verdadeiro caça às bruxas aos veículos críticos a Israel, segundo a Repórteres Sem Fronteiras.

Já chamou de “terroristas” parlamentares que questionaram suas ações e acusou os profissionais do jornal de esquerda Haaretz de disseminarem “propaganda anti-israelense”.

Em novembro de 2023, o ministro baniu de Israel a emissora libanesa Al-Mayadeen, conhecida por sua posição pró-Hezbollah e a favor do Irã.

“O governo de Benyamin Netanyahu está abertamente mirando a independência da mídia e o pluralismo em Israel”, afirma a diretora editoral da RSF, Anne Bocande. E acrescenta:

“Esses ataques legais — especialmente a legislação referente à emissora pública Kan — terão efeitos duradouros e prejudiciais no cenário da mídia de Israel.

Mais notavelmente, a imprensa livre em um país que se descreve como ‘a única democracia no Oriente Médio’ será prejudicada.”

A ONG insta as autoridades de Israel a abandonarem as reformas de mídia propostas.

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