O encontro anual de líderes mundiais, ativistas, cientistas e jornalistas coloca o tema sob os holofotes, impulsionando a cobertura jornalística e o debate público. Mas, apesar de a temperatura do planeta estar subindo, o espaço dedicado à sustentabilidade ambiental vem caindo na imprensa global.
A constatação foi feita por um estudo destacado na edição especial COP29 do MediaTalks, publicada após o encerramento da conferência da ONU no Azerbaijão.
Projeto monitora clima na mídia há duas décadas
O MeCCO (Observatório de Mídia e Mudanças Climáticas) da Universidade do Colorado monitora há 20 anos a cobertura da imprensa em 59 países.
O estudo aponta que todo mês de novembro, coincidindo com as COPs, há um aumento significativo nas menções à sustentabilidade e ao clima, principalmente nos países-sede e regiões próximas.
Outro fator importante para impulsionar a cobertura ambiental global, segundo o MeCCO, é a divulgação de relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que costumam gerar grande repercussão.
No entanto, o espaço para o tema vem caindo desde 2021, ano da cúpula histórica em Glasgow, quando alcançou seu ponto mais alto.
A COP26, que aconteceu quando o mundo saía da pandemia do coronavírus, foi palco de grandes manifestações públicas e reuniu os mais importantes líderes globais.
Isso não aconteceu nas edições seguintes, no Egito e nos Emirados Árabes Unidos.
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Espaço dedicado ao clima caiu em 2022, 2023 e 2024
Coincidência ou não, em 2022 houve uma redução anual de 10% na cobertura. Em 2023 a queda foi de 4%, segundo o MeCOO.
Essa tendência intensificou-se em 2024, com os primeiros dez meses do ano registrando 12% menos cobertura em comparação com 2023.
É impressionante isso ter acontecido mesmo em um período de temperaturas recordes e eventos climáticos devastadores.
No caso da América Latina, a cobertura climática teve um aumento recorde entre janeiro e maio e entre julho e setembro de 2023, continuando em 2024.
Os pesquisadores do MeCCO sugerem que a queda global pode estar relacionada a uma “acomodação” do público à ameaça das mudanças climáticas, após um período de intensa conscientização em 2021.
Ela reflete também a dificuldade de incluir questões científicas no noticiário sobre tragédias como enchentes e furacões, que acaba se concentrando em questões mais imediatas, como socorro às vítimas e brigas politicas em torno de prevenção e ajuda.
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Jornalismo de soluções: um caminho para mobilizar
Diante da queda, o jornalismo de soluções emerge como uma ferramenta poderosa para reacender o interesse do público e mobilizar ações efetivas.
Essa abordagem se propõe a ir além do “o que deu errado”, explorando as respostas e iniciativas que buscam solucionar problemas sociais, como a crise climática, em vez de se concentrar apenas nos aspectos negativos.
Ao apresentar soluções e iniciativas inspiradoras, o jornalismo de soluções pode mobilizar o público a se engajar na busca de soluções e direcionar políticas públicas ou ações corporativas, criando impacto real.
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