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Violência na Síria faz mais uma vítima: fotojornalista premiado é morto no conflito

Londres – O premiado jornalista sírio Anas Alkharboutli morreu em uma zona de conflito no oeste da Síria, país que vive uma escalada de violência entre o grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e as forças do governo desde o fim de novembro. 

Alkharboutli, de 32 anos, que trabalhava como fotojornalista para a agência de notícias alemã DPA, foi morto em um ataque aéreo das forças militares sírias na cidade de Morek, de acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) na última semana de novembro e foi sepultado em 4 de dezembro.  

A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês) informou que ele o segundo jornalista morto na Síria recentemente. Em outubro, o âncora de TV Safaa Ahmad morreu em consequência do bombardeio israelense em Damasco. 

Jornalista sírio premiado como correspondente de guerra

Anas Alkharboutli deixou a faculdade de engenharia na Universidade de Damasco e começou a trabalhar como fotojornalista em 2014 para documentar o cerco e os ataques em Ghouta Oriental pelas forças do regime sírio e seus aliados.

Ele recebeu vários prêmios pelo seu trabalho, incluindo o de Jovem Repórter do Ano do prêmio Bayeux Calvados-Normandia para correspondentes de guerra, concedido em 2020. 

Jornalista sírio morreu fotografando avião de guerra 

A ofensiva rebelde no norte da Síria já tomou a segunda maior cidade do país, Aleppo, e avançou sobre a cidade central de Hama. 

O ataque que tirou a vida do fotojornalista aconteceu quando ele e outros profissionais de imprensa pararam seus carros para fotografar um avião de guerra na área de Morek.

Ghaith Al-Sayed, um operador de câmera freelance sírio que trabalha para a Associated Press, disse ao CPJ que estava com outros dois colegas em um carro estacionado perto de uma ponte, enquanto Anas Alkharboutli e outros dois estavam em um carro separado.

“Quando um jato passou por cima, saímos para filmar. Pouco depois, o [jato do exército sírio] circulou de volta, nos avistou e disparou dois mísseis diretamente em nossa posição”, relatou. 

Embora seus carros não estivessem identificados, havia outros veículos na área e os jornalistas usavam coletes de proteção marcados com a palavra “imprensa”, segundo o jornal Washington Post. 

“[Estamos] em choque e profundamente tristes com a morte de Anas Alkharboutli”, disse o editor-chefe da agência DPA, Sven Gösmann.

“Nós honraremos seu legado jornalístico. Com suas fotos, ele não apenas documentou os horrores da guerra, mas sempre trabalhou pela verdade […]”.

ONGs de liberdade de imprensa cobram proteção

A Federação Internacional de Jornalistas lamentou a perda de Alkharboutli e reiterou a necessidade de mais proteção internacional para garantir que jornalistas e profissionais da mídia não sejam alvos em áreas de conflito armado.

“Jornalistas são civis e devem sempre ser protegidos”, disse o diretor de programas do CPJ, Carlos Martinez de la Serna.

“O assassinato do jornalista sírio Anas Alkharboutli marca o retorno dos ataques mortais a jornalistas na Síria, que por anos foram a norma sem que os perpetradores fossem responsabilizados.”

A Síria ficou em penúltimo lugar no World Press Freedom Index 2024, ranking produzido anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras que lista 180 países.

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